25 maio 2006

Balanço da época 2005/06 do SCB.

Que balanço para a época que está prestes a terminar?
Acho que podemos separar a questão em várias formas.
As expectativas iniciais, as expectativas durante o campeonato e a classificação final.

O SCB começou o campeonato com enorme fulgor e até à 9ª jornada não tinha conhecido o sabor da derrota. As expectativas iniciais confirmaram-se, e apesar de António salvador ter vendido Wender e João Alves ao SCP, a equipa, com a contratação por empréstimo de Rossato continuava equilibrada e a demonstrar coesão, dinâmica vencedora e espírito de conquista. O primeiro lugar no campeonato português surgiu com naturalidade e foi o corolário de uma regularidade e eficácia irrepreensível.

A equipa do SCB, à imagem do seu técnico, revelava uma cultura táctica acima da média, uma personalidade vincada e apesar de não jogar um futebol deslumbrante, de ataque constante e desenfreado, demonstrou sempre ser uma equipa equilibrada, onde cada um sabia o que fazer em campo, dominando como poucas as fases do jogo, a velocidade e o ritmo e os espaços que, a par de uma atitude ambiciosa e exigente por parte de quem tinha o poder decisório, resultou numa combinação vencedora.

A qualidade do plantel do SCB reforçava e alimentava as expectativas dos associados que esperavam que o “Sonho” acontece nesta época. No plantel do SCB apesar de todos contribuírem para o sucesso nas primeiras jornadas, houve jogadores que, embora não fosse surpresa, assumiram papel preponderante. Paulo Santos estava irrepreensível. Na defesa, Jorge Luiz, Nem, Nunes e Abel não permitiam veleidade e destacaram-se, assim como Vandinho, Madrid e Hugo Leal. Na frente, apesar da qualidade dos executantes, não se pode dizer que estes atingiram o mesmo nível.

Cedo as lesões começaram a apoquentar o plantel do SCB. Traumáticas ou musculares, as lesões obrigaram a constantes mexidas no onze. Apesar de tanto infortúnio, havia a sensação que, devido ao valor do plantel no seu todo, se não jogasse o habitual titular, isso não traria problemas de maior, uma vez que o habitual suplente tinha valor suficiente para cumprir com o pretendido. Também cedo Jesualdo Ferreira começou a revelar tiques de teimosia, nomeadamente quando, invariavelmente, substituía Abel e/ou colocava sistematicamente Jaime na posição de médio direito.

As jornadas, impávidas, indiferentes, sucediam-se e o SCB continuava nos lugares cimeiros, para surpresa de muitos que arregalavam os olhos, como que surpreendidos por aquela equipa que até costumava ser simpática, estar ali a fazer umas coisinhas engraçadas. Aqueles que estavam surpreendidos, depressa retomavam a compostura e após reflexão chegavam à mesma conclusão: - é fogo de artifício! Pensavam!

Se no campeonato tudo corria de feição, o mesmo não se pode dizer em relação à Taça Uefa. Eliminados ingloriamente frente ao Estrela Vermelha, apesar de demonstrar, no conjunto das duas mãos, ser a equipa que merecia passar à fase de grupos, o SCB mais uma vez, a exemplo do ano anterior, ficou pelo caminho.

A primeira derrota ocorreu com o Marítimo na 10ª jornada e a partir daqui, o SCB quebrou a regularidade que tinha até então evidenciado. Se até à 9ª Jornada o SCB tinha feito 23 pontos em 27 possíveis, o SCB da 10ª até à 17ª fez 9 pontos em 24 possíveis. Neste período reside a explicação do "afundanço" do SCB na tabela classificativa, muito porque a regularidade exibicional caiu a pique mas, também, porque as arbitragens prejudicaram seriamente o SCB, interferindo no resultado final.

Iniciada a 2ª volta, o SCB conseguiu novamente regularidade, mas infelizmente não conseguiu igualar a performance do início do campeonato. Nas mesmas 9 jornadas conseguiu 16 pontos em 27 possíveis, ou seja uma diferença de 7 pontos.
Se nas jornadas iniciais o sonho do campeonato era legítimo, com o decorrer das jornadas, tal sonho esfumou-se, e apesar de o coração não o desejar, a razão manda redefinir outros objectivos mais realistas, porque numa decisão que ainda hoje não consigo descortinar, António Salvador decidiu vender 3 dos 4 defesas que eram o baluarte da nossa equipa.

No período de transferências de Janeiro, o SCB efectuou uma pequena “revolução” no seu plantel. Além de Nunes, Abel e Jorge Luiz que o SCB vendeu, o SCB dispensou Maxi Bevacqua e o até então indispensável Jaime, caso para perguntar, quando Jesualdo Ferreira se enganou... Para suprir as saídas, o SCB contratou Carlos Fernandes, Welington, Matheus, Frechaut, Kim e Marinelli. Infelizmente, pelas mais diversas razões, desde à falta de ritmo até a dificuldades de adaptação, o SCB teve que efectuar a adaptação em competição, o que originou e explica a perda de regularidade.

Para ajudar, o SCB foi eliminado da Taça de Portugal pelo D.Aves que disputa a II Liga.

As jornadas seguintes não foram profícuas para o SCB e mais uma vez, a regularidade exibicional a par de erros clamorosos das arbitragem relegaram o SCB para um definitivo e já habitual, 4º lugar.
O clube simpático, que no início era imbatível, agora, tropeçava ocasionalmente, e com o decorrer das jornadas começou a não incomodar o passeio tranquilo dos poderosos e intocáveis. Tudo corria na normalidade. Ou seja, cada macaco no seu galho. O SCB ainda não tinha alcançado o direito de se intrometer com os “gorilas”.

As lesões, a venda de jogadores e as arbitragens explicam o aparente insucesso nos objectivos e o defraudar das expectativas iniciais. Faces às circunstâncias e ao poder que a equipa aparentemente parecia demonstrar no início do campeonato, fico com a sensação que algo mais podia ser feito.
Contudo além da classificação, dos pontos, prefiro guardar na minha mente, para a eternidade, a possibilidade da conquista do título, que mais uma vez se implantou na nossa mente.
A alegria e orgulho que ostentei durante tanto tempo e continuo a ostentar.
Os momentos formidáveis, que a equipa me proporcionou e a uma velocidade estonteante correram mais depressa que o próprio “sonho”.
As tardes e noites maravilhosas onde o meu desejo, o meu sonho, voou alto e vagueou por onde nunca imaginei.
A sensação saborosa de ter alcançado algo que nunca imaginei sentir, qual paraíso, o deslumbramento de algo que nunca me tinha acontecido.
Fosse um sonho, a realidade, o que eu quero é viver o pensamento, a recordação, a emoção. Assimilar tudo ao meu redor, partilhar, dizer ao mundo que bom é ser do Braga!

12 maio 2006

O SCB caminha a passos largos para conseguir mais um apuramento para a Taça Uefa. É algo histórico e, tanto quanto a minha memória o permite, nunca o SCB conseguiu tal desiderato. Sem dúvida que qualquer adepto braguista só pode congratular-se por a equipa do seu coração ter alcançado mais uma época de sucesso... Sucesso esse relativo, se é que me posso exprimir nestes termos. O objectivo previamente delineado apontava para “melhor que o ano passado”- disseram!

Reconheço que foi um forma inteligente de apontar um leque alargado de “objectivos”, onde, conforme as circunstâncias do campeonato, os responsáveis do SCB poderia alegar que conseguiram o objectivo... “Melhor que no ano passado”, poderá significar mais pontos; poderá significar o apuramento para a Liga dos Campeões, etc, etc... O que me leva novamente à relatividade e à afirmação do sucesso relativo.

Se enveredarmos por uma perspectiva baseada no historial do clube, onde há bem pouco tempo atrás, as dificuldades e problemas graves eram mais que muitos, então continuamos na senda do sucesso e a consolidar o tão desejado estatuto europeu. Se enveredarmos por uma perspectiva menos abrangente, então fica a sensação que o SCB passou, mais uma vez, ao lado uma excelente oportunidade e poderia fazer algo mais.
Qual a analise mais correcta ou mais adequada, é difícil responder, no entanto, penso que face à realidade do SCB e àquilo que desejo para o SCB, acho que o SCB passou ao lado de mais uma oportunidade para tentar crescer. Onde nos leva, se o SCB continuar esta caminhada?
Tiro esta conclusão porque se desejarmos um SCB cada vez maior, coeso e de outra dimensão, não podemos continuar com este tipo de pensamento ou objectivos e aproveitar o momento, sim... o MOMENTO, se, caso contrário, acharmos que o SCB tem que se resignar à sua triste condição e não será mais que aquilo que hoje é, então está tudo a correr maravilhosamente bem e melhor não se podia desejar...
Acho que a generalidade não se vai resignar e aceitar a actual condição do clube.
Todos desejam um SCB maior, certo?
Para que tal aconteça, temos que definitivamente crescer, mas primeiro naquilo que nos permitirá subir de patamar e auspiciar a outros voos...Temos que ter uma maior dimensão humana!
Repito, temos inevitavelmente que crescer para definitivamente lutar por algo mais que um 4º lugar. Há que dar continuidade à época anterior, mostrar ambição e elevar os objectivos sem nunca descurar a realidade financeira do clube e o passivo que tanto o apoquenta. Uma gestão sem ter em conta a realidade financeira e/ou descurar esse aspecto, comprometerá definitivamente o futuro do clube. Não duvidem disso meus amigos...será como construir algo em cima de areias movediças, porque ninguém, mas mesmo ninguém, consegue viver eternamente em dívida.Não se pense que desejo uma “fuga” desesperada para a frente com o único objectivo de satisfazer a vontade desmesurada de ganhar e de conseguir boas classificações, aniquilando posteriormente qualquer objectivo razoável(taça Uefa...), hipotecando definitivamente e simultaneamente o futuro. Não desejo de modo algum que o SCB invista desenfreadamente numa equipa sem ter receitas para a sustentar, todavia acho perfeitamente razoável, desejável e aceitável, que a SAD suba a fasquia e mediante as possibilidades financeiras, invista numa equipa cada vez mais forte, ganhadora.
Caso contrário, arriscamos a ver repetido episódios do passado, não só do nosso historial, como de outros clubes.

Com este tópico não pretendo criticar(pelo contrário) mas alertar para a necessidade de definir uma estratégia que julgo não existir. Não se trata de qualquer tipo de insensibilidade ou ambição desmedida...ou tão pouco ingratidão.
Reconheço o excelente trabalho de António Salvador e foi dos primeiros a apoiá-lo. É indesmentível! Debati-me neste fórum em favor de AS, mesmo quando, a opinião geral era favorável a Pedro Machado. Tive algumas quezílias, é certo! Ultrapassadas porque somos uma família!
Associo o actual momento do SCB à presidência de AS, no entanto, acho que não podemos continuar, passe a expressão, na mediocridade. Num ano lutamos pela UEFA, no outro conseguimos novamente, e lá temos que vender jogadores- os melhores- para pagar a factura!
Não podemos estar à espera ou ficar dependentes de uma negócio ou de um resultado para conseguir o equilíbrio que nos permitirá o desafogo financeiro. Isto é impensável se desejarmos outros desígnios.Os dirigentes do SCB tem que compreender que para crescer e aspirar lutar pelo título nacional, constantemente, a exemplo dos 3”grandes”, não o pode fazer nos moldes actuais.

01 maio 2006

Relação entre o historial e adeptos.

Embora não tenha dados concretos e fundamentados, penso que não estarei enganado se considerar que existe uma relação entre a dimensão humana de um clube e o seu historial.

Quem tem mais adeptos em Portugal é, como todos sabemos, os chamados “grandes”. O SLB com 61 títulos nacionais e 2 europeus no seu historial destaca-se dos outros. O SCP talvez siga na preferência dos portugueses: 40 títulos nacionais e 1 europeu. O FCP é o terceiro nas preferências dos portugueses: 50 títulos nacionais e 4 títulos europeus e 2 taças intercontinentais. Curioso que o FCP conseguiu enorme sucesso nos últimos anos... a título de exemplo, até ao ano 76/77 conseguiu 8 campeonatos, nos anos seguintes, até aos dias de hoje, conseguiu 15 campeonatos e um enorme sucesso nas competições europeias, ou seja, conseguiu nos últimos 30 anos, o dobro de campeonatos que nos 55 anos anteriores...
Ao longo dos tempos, os 3”G” habituaram-se a dominar o campeonato nacional, e com a excepção do BFC e CFB, que ganharam uma única vez o campeonato nacional, eles arrecadaram ano após ano os campeonatos em disputa.

É contra estes números que o SCB tem que gladiar...passe a expressão.
É uma luta inglória e pode fazer esmorecer o espírito daqueles que desejam um SCB mais e cada vez mais forte... É importante para crescer a dimensão humana de um clube. É importante cativar mais associados, simpatizantes... Mas como se as pessoas correm atrás das vitórias, gostam de sentir o sabor doce do sucesso, a alegria agradável de triunfar... e conseguem tudo isso nos 3”G”.
Por isso eles são muitos... Os adeptos dos 3”G” dominam e mesmo quando o fôlego da razão da sua existência(SLB ou SCP ou FCP) está débil, ou moribundo, estes acreditam... na mensagem. Fazem passar a mensagem de que o passado renascerá, qual fénix das cinzas...E eles – os adeptos dos 3 “G” - piamente acreditam. Tem fé! Tal como uma maldição, uma desgraça, uma teia maligna, os adeptos dos 3”G” estendem-se por todo o país. Envolvem tudo por onde passam pois nunca deixam de acreditar... Hoje, ontem, é sempre assim. Tanto quanto os meus olhos permitem ver, é sempre assim.
Há que ser persistente e consolidar o estatuto de 4º maior clube nacional. Pensei que o SCB nos últimos anos, graças à vontade da SAD, iria “queimar” algumas etapas no processo de crescimento. “Iria ser adulto à força” foi a expressão que uma vez utilizei num comentário com o Cardoso...
Infelizmente todos os anos há contrariedades e não foi possível, o que nos leva novamente à questão da persistência.

O SCB está a consolidar um estatuto, bem diferente das últimas épocas, onde o usual era ocupar lugares entre o 9º e a 14ª posição. Esta a verdade!!! Durante o passado não existiu uma dinâmica de vitória, mas estou convicto que as circunstâncias alteraram-se.O mais fácil está feito, o mais difícil vem a caminho que é conseguir manter o SCB nos lugares cimeiros. Já aqui disse que no futuro próximo os adversários do SCB irão ser o SLB, SCP e FCP. Para isso é importante agregar mais adeptos. A tal dimensão humana que permitirá o SCB arrecadar mais receitas que possibilite o SCB ter plantéis vencedores. Quando isso acontecer, então estaremos num patamar superior, consolidado e sustentado! Poderá haver oscilações, mas tenho a certeza que serão pontuais.

Todavia, o caminho a percorrer ainda é enorme. Há equipas em Portugal que uma assinalável massa associativa, que se pode equiparar ao SCB, caso do VSC.
A tabela abaixo colocada, pretende demonstrar as classificações dos últimos anos do SCB(B) e VSC(G).
01º
02º
03ºG G G
04ºB B B B B G G G G G G G G
05ºB B G G G G G G G G
06º B B B G G G G G G G G G G
07ºB B B B G G G G G G
08ºB B B
09ºB B B B B B G G G G G G
10ºB B B B B
11ºB B B G
12ºB B B B G
13ºB B G
14ºB B G G G
15ºB G
16º
17º
18º
Ano1955 a 2005

O VSC é um clube onde os adeptos, além de numerosos são fervorosos. Quem quiser continuar a esconder no íntimo da nossa mente aquilo que os nossos olhos vêem, é problema dele. A verdade é que o VSC é um clube que tem infra-estruturas desportivas que poucos tem em Portugal e essencialmente no passado conseguiu melhores resultados no campeonato que o SCB.
O VSC nos últimos cinquenta anos esteve uma vez na segunda divisão, o SCB esteve três.
O VSC nos últimos cinquenta anos conseguiu 8 quartos lugares e 3 terceiros lugares; o SCB o melhor que conseguiu foi 6 quartos lugares.
Quero com isto dizer que o VSC ao longo dos tempos conseguiu consolidar um estatuto e apesar de algumas épocas menos boas, a “semente” estava lá... ao longo das gerações, estes(adeptos do VSC) tiveram sempre maiores motivos para sorrirem... agora nos dias de hoje, com alguma prepotência dizem que conseguem ter mais associados e vender muitas cadeiras... Que importa dizer que na época 2003/04 ou 2000/01 estiveram quase a descer de divisão? Isso são percalços, pois o que conta é o estatuto e a regularidade no campeonato. Se eventualmente descerem de divisão e permanecerem algum tempo, então a situação será problemática.


Eles, como outros clubes por Portugal fora, tem os mesmos problemas que Braga. Lá, como cá, existem adeptos dos 3"G".Há adeptos de conveniência mas, aqueles que "abraçaram" de corpo e alma um clube, embora aceite que alguns o sejam independentemente dos resultados, são adeptos do clube em virtude de anos "dourados" que tiveram no passado. Não o são de hoje ou de ontem... a preferência clubista foi-lhes transmitida no passado.

Sabemos então por que clubes como o Leiria, apesar de disputarem a 1ºdivisão, têem uma dimensão humana tão diminuta que se pode comprovar facilmente pela média de assistências. Realço o facto do Leiria ter 15 presenças, todas elas recentes. Posso adiantar que presenças interruptas no campeonato português, o Leiria somente desde o ano de 98/99 é que conseguiu afirmar-se consecutivamente.
Num plano oposto, veja-se o exemplo o Leixões. O Leixões tem 21+8(campeonato de Portugal) presenças no escalão máximo. Conseguiu mesmo uma Taça de Portugal... apesar da longa travessia do deserto consegue uma massa associativa superior a muitos clubes da 1ª divisão.