06 julho 2005

Bravo Presidente!

Um comunicado emitido pela direcção da SAD bracarense, no passado dia 12 veio por fim às especulações que, desde o início de Julho vinham a encher as páginas dos jornais desportivos. Ficámos agora a saber, neste comunicado, que a primeira intenção do Sporting foi adquirir Jorge Luiz. No entanto o dinheiro, em Alvalade, escasseava. Com a possibilidade de vender Enakarhire, o clube de Lisboa propõe-se então adquirir de uma assentada João Alves e Wender. Mais tarde acrescentaram Nunes a esta “lista de espera”. Entretanto, o Sporting fora informado que o Braga prescindia assim de uma proposta vinda de Inglaterra, por João Alves, no valor de 4,5 milhões de euros. A partir daí passaram-se semanas de negociações, até que o Sporting “roeu a corda”.Dependendo do que se passar nos próximos dias, penso que o Comunicado emitido pela SAD bracarense no passado dia 12, sobre as negociações havidas com o Sporting, pode considerar-se um momento histórico. E digo isto porque, para mim, ele expressou uma verdade pela qual há muito ansiávamos: o S. C. de Braga não precisa de se vergar perante os ditos grandes. O fim das negociações com o Sporting pode ter consequências negativas nas finanças bracarenses; os jogadores envolvidos sofreram uma desilusão considerável, mas quem triunfou foi a honra, a verdade e a independência do nosso clube! O Sporting, sem dinheiro, utilizou o argumento da necessidade de vender Enakarhire para poder pagar ao Braga. O certo é que vendeu o jogador e, de repente, deu o dito por não dito e afinal já não queriam o João Alves. Mais ainda, inacreditavelmente, numa atitude quase risível, mostrava interesse em adquirir Nunes por 80 mil contos em dinheiro antigo!!! A questão principal que aqui se põe é esta: O Braga alega que o Sporting “dera a palavra” quanto ao interesse nos três jogadores e por isso recusou uma proposta de 4,5 milhões vinda de Inglaterra. O Sporting alega que não havia nada escrito. Perante isto, eu pergunto: até quando é que, no parecer do Sporting, o Braga teria que ficar à espera que os senhores de Lisboa se decidissem e passasse a haver “algo escrito”? Se não há nada escrito, por que razão estava o Braga obrigado a negociar com o Sporting? Mais ainda, alguma vez o Sporting pensou nos jogadores? Veja-se o caso de Wender; o nosso Said fez 30 anos. Tinha oportunidade de, nesta época, jogar na Liga dos Campeões. As expectativas eram enormes. Para ele era a carreira, a vida, que estava em jogo. No entanto, o que o Sporting se limitou a fazer foi colocá-lo numa espécie de “lista de espera”, onde ele deveria permanecer até que se decidissem. Alguns pseudo-moralistas como Dias da Cunha têm afirmado que os empresários são oportunistas e que não respeitam a dimensão humana dos jogadores. No entanto, neste imbróglio que durou mais de um mês, que respeito mostrou o Sporting pelos jogadores em causa? Eles são homens ou são joguetes? Aqui em Braga, pelos vistos, ainda há uma coisa chamada ética e outra chamada honra! Para quem tem ética e honra, a palavra conta! Neste momento, ao Braga colocam-se dois problemas: Primeiro: como lidar com a “desilusão” dos jogadores? Se é certo que João Alves tem muito futuro à sua frente como profissional, já o mesmo não se pode dizer de Nunes e principalmente Wender, que terão necessidade de ultrapassar as marcas psicológicas que estes disparates certamente lhe deixaram. Agora, é o Braga quem vai ter de lidar com a situação e são os jogadores quem mais vão sofrer. Cabe-nos a nós, adeptos, apoiar estes homens e mostrar-lhes que eles são, para nós, os melhores. Segundo problema: estará em causa a estabilidade financeira? Todos sabemos que o Braga prima pelo cumprimento dos encargos salariais e esse é um dos nossos maiores trunfos. Conseguiremos suportar essa estabilidade sem vendermos jogadores? Sinceramente, acredito que sim. Com estes jogadores vamos ter um plantel excelente. Mas o risco é grande. Seja como for, estes episódios já nos deram motivos de grande satisfação: o Braga não precisa do dinheiro do Sporting a qualquer custo! Além de uma prova de autonomia, o presidente António Salvador, deu do Braga uma imagem de seriedade, ética e coragem que poucas vezes é vista em Portugal. Por isso e por ter defendido da melhor maneira os interesses do nosso enorme clube, aqui fica o meu sincero… Obrigado, Presidente!!!

Manuel Cardoso