18 setembro 2005

É Craque? -depende onde joga!

Craques... os adeptos anseiam por craques. No defeso, os adeptos ávidos de vitórias, quase que exigem à administração do seu clube a contratação de craques, como que esse pressuposto permita de ganhar campeonatos.
Mas afinal o que é um craque?
Um craque é um jogador que é dotado de grandes qualidades e atributos futebolísticos. Devido às suas qualidades, é um jogador que consegue impulsionar com o perfume do seu futebol; com a eficácia; com a arte; os adeptos. Geralmente os adeptos vibram com os lances protagonizados por jogadores muito dotados tecnicamente, mas o mesmo acontece com a eficácia e sobriedade doutros. Quando os craques abrem o livro, e conseguem libertar a inspiração própria dos mesmos, um jogo de futebol é indiscritível. Não há espectáculo semelhante.
Tudo isto para dizer que para muitos, um craque é muito mais que isso. É algo mágico. Para muitos, o craque, mais que um jogador de futebol é um ídolo, um exemplo a seguir. Contribuem e muito para aumentar os índices de orgulho em relação ao clube preferido.

Gostaria de abordar uma outra perspectiva em relação aos craques. Infelizmente, o craque não é reconhecido pelo seu verdadeiro valor, mas sim, pela projecção dada pela Comunicação Social. Com maior ou menor valor, a verdade é que os craques – os tais jogadores dotados de qualidades futebolísticas- conseguem o reconhecimento, não pelo seu verdadeiro valor, mas pela projecção que a Comunicação Social lhes dedica.
É caso para dizer que a Comunicação Social também tem o poder de “fabricar”, “lançar” e no fundo, saciar os adeptos ávidos de informações sobre os seus “meninos”. É quase uma simbiose.
Exemplos não faltam. Tiago quando ao serviço do SCB era um jogador a ter em conta, mas passou sempre despercebido. Quando foi contratado pelo SLB, alcançou o estrelato.
Armando, lateral direito do SCB na época 2001/2002, passou despercebido. Quando se transferiu para o SLB, os media descobriram que o dito jogador, afinal era o rei das assistências, ultrapassando mesmo a “vedeta” Simão Sabrosa.
Na presente temporada, aconteceu exactamente o mesmo. Wender e João Alves transferiram-se para o SCP. No curto espaço de 8 dias, projectou-se, enalteceu-se, mais as qualidades dos dois jogadores, que durante as respectivas carreiras futebolísticas, que diga-se, foi notável.
É caso para dizer que num ápice, num segundo, num minuto, surgiram dois craques como que surgidos do nada.
É caso para dizer que os craques só existem quando a Comunicação Social decidir.
É caso para dizer que os craques só existem em clubes que tenham muitos adeptos.É caso para dizer que caso não se jogue nos “grandes” não se pode ser craque.

17 setembro 2005

SCB vs 3 "G"

O SCB, gradualmente, está a intrometer-se na luta pelo campeonato com os habituais 3”G”. O início da Liga, onde o SCB conseguiu 3 vitórias em outros tantos jogos, vem demonstrar que as aspirações são reais.
Tem mesmo o SCB legitimas aspirações ao título?
Temos que ter em consideração que os 3”G” são equipas que se posicionam num patamar acima daquele que ocupa o SCB, mas isso não implica que as ambições do SCB sejam ambições desmedidas caso construa uma equipa de qualidade. Sim... é importante conseguir bons jogadores, e para isso é necessário dinheiro. Habitualmente, os 3”G” porque estão num outro patamar, tem mais dinheiro, tem então maiores hipóteses de conseguir jogadores de qualidade com probabilidade de conseguirem melhores equipas. Conseguem também maior influência junto das arbitragens e media ... e o lobbie funciona!
O SCB só não tem o poder de influência que os 3”G” tem, junto dos media e arbitragem, por que de resto é evidente a qualidade dos jogadores que compõem o plantel.
Acho perfeitamente legítimas e sérias as aspirações do SCB mesmo quando comparamos com os outros candidatos.
Claro que os 3"G" são poderosos e reunem nos seus plantéis "craques". O erro maior será menosprezar o valor de jogadores que compõem os plantéis dos 3"G". óbvio que o SCB também os tem. Se o 3"G" tem o Simão, Miccoli... Liedson, Moutinho... Diego, Lucho... então o SCB tem o Jorge Luiz, Nunes, Madrid, Hugo leal.
Analisemos então as equipas do SLB, FCP, SCP, comparando o seu potencial teórico com o do SCB.
O FCP na minha opinião talvez seja a equipa que a nível teórico está mais forte. Tem um bom treinador e um bom plantel. Tal como JF, controla as fases do jogo e tem um plantel que lhe permite fazer várias abordagens ao jogo. As soluções são mais que muitas... Consegue um grande caudal ofensivo, chegando mesmo a ser asfixiante, e se o futebol colectivo, o jogo de equipa, não funcionar, pode “apelar” à qualidade individual de jogadores.
O FCP habitualmente joga num 4-2-3-1, sem extremos de raiz, e está dependente da subida dos laterais para dar profundidade atacante, uma vez que tanto Jorginho na direita, como Lisandro na esquerda, no apoio a Sokota, não tem características de extremos. São excelentes jogadores, e com grande capacidade técnica. O FCP joga com os sectores juntos e raramente concede espaços entre os sectores, com um meio campo forte onde se destacam, Ibson, Lucho, a médios centro, com Diego mais adiantado no terreno.
O sector defensivo é um sector banal, quando comparado com o resto da equipa. César Peixoto, embora com grande capacidade ofensiva, é banal a defender. Sonkaya é um lateral mais equilibrado. Os centrais apesar de boa qualidade, não transmitem a segurança necessária a uma equipa que luta por tão grande objectivo,

O SLB, apesar de ter bons jogadores ainda não tem uma boa equipa. Não quero dizer que a prazo não consiga, mas actualmente, denota muita dependência das iniciativas individuais de Simão e Miccoli.
Koeman ainda não encontrou a equipa tipo, que tudo indica, será a que ganhou ao Lille. Se Koeman optar pela equipa que jogou contra o Lille, acho que o filme se irá repetir, uma vez que, os elementos da frente não são jogadores de “equipa”. Eventualmente, deixarão Petit e Manuel Fernandes desamparados no centro do terreno. Ainda é tudo confuso... a filosofia e sistema de jogo do SLB, ainda não está definida. O que se viu até agora foi uma equipa muito permeável e muito estendida no terreno de jogo.
O sector defensivo tem centrais de inegável categoria. Luizão e Anderson são dois excelentes centrais, dos melhores que jogam no campeonato. Os laterais não se coadunam com o nível desejado a uma equipa como o SLB. No meio campo, apesar do SLB se ter reforçado, o sector foi entregue a Petit e Manuel Fernandes. Ambos parecem-me desamparados e Manuel Fernandes ainda não se adaptou aos novos métodos de trabalho e tarda a afirmar-se como "patrão" do meio campo.
Na frente, Miccoli é mesmo uma mais valia e juntamente com Simão poderão resolver muitos problemas ao SLB. Geovanni, Nuno Gomes, embora de valor, cada vez mais perdem preponderância na equipa.

Apesar dos responsáveis do SCP apregoarem que estão mais fortes, confesso que não deslumbro tal pujança.
É certo que contrataram Deivid, Edson, Wender, João Alves, Luís Loureiro, Tonel...mas perderam jogadores muito influentes. Enak era sem dúvida o melhor central do SCP. Roca era preponderante e resolvia constantemente jogos. Hugo Viana era um "senhor" no meio campo sportinguista. Para não falar das saídas de Rui Jorge e Pedro Barbosa...
Em relação à época passada, o SCP acho que ficou a perder. A “melhor contratação” talvez seja mesmo a afirmação de J. Moutinho, que definitivamente está a afirmar-se como excelente jogador.
O SCP habitualmente apresenta um futebol ofensivo apoiado em que precisa de muitos toques para chegar à baliza. Os laterais são bastante ofensivos e o centro da defesa está entregue a Beto e Polga, centrais que já demonstraram alguma irregularidade no passado. Tonel é um central “vulgar”. No meio campo destaca-se J. Moutinho. Adivinho que João Alves poderá desempenhar um papel importante no futuro, no entanto, apesar do seu valor, poderá não fazer esquecer Hugo Viana. O mesmo sucederá com Luís Loureiro, que apesar da sua qualidade, não deverá fazer esquecer Rochemback..
Na frente de ataque, Liedson é a referência por excelência. Wender veio trazer uma alternativa para a esquerda, mas no sistema de 2 avançados poucas hipóteses terá de jogar de início.

Confrontando as 4 equipas, facilmente se concluiu que o FCP e o SCB são as equipas melhor organizadas tacticamente e com melhor conjunto. O SLB, apesar de bons valores, ainda não se encontrou e o SCP apesar de ser um candidato, está mais débil que no ano anterior.

Análise ao SCB.

O SCB assume-se como uma equipa que pode disputar com os 3 “G” os objectivos que usualmente estes dividem entre si.
De facto, na temporada anterior o SCB, disputou com os 3”G”, até às jornadas finais o título de campeão, claudicando somente devido a uma invulgar onda de lesões que arredaram da equipa jogadores influentes, da malfadada sorte e da nefasta arbitragem.
Apesar da saída de jogadores influentes, o SCB este ano, está mais forte e equilibrada, e bastante coesa.
Manteve a “espinha dorsal” do ano anterior e adquiriu jogadores com estatuto a quem se augura o sucesso. A administração liderada por António Salvador continua e a equipa técnica é a mesma, que a par com a já mencionada manutenção da equipa do ano anterior contribui sem margem para dúvidas para alimentar as expectativas. O sonho ganha contornos e existe a convicção que este ano pode ser o despertar... o tão desejado e esperado “Ano Braguista”.

TÁCTICA
Os jogadores da equipa do SCB conhecedores da filosofia de jogo e sistema, formam um conjunto que sabe o que quer. É uma equipa madura e ambiciosa.
Jesualdo Ferreira, ciente que o jogo tem várias fases, conseguiu incutir nos jogadores os princípios de jogo que pretendia e actualmente os jogadores do SCB, conseguem controlar e aplicar, o ritmo e velocidade que interessam, durante os 90 minutos do jogo. Os sectores habitualmente jogam juntos o que diminuiu a capacidade do adversário em organizar jogadas de perigo. O SCB é uma equipa calculista, coesa, joga inteligentemente e pela certa. Ora optando por circular a bola, movimentos laterais, guardando a bola e desgastando o adversário, ora optando por rápidas transições defesa-ataque, jogo directo e objectivo, o SCB consegue habitualmente controlar o jogo a seu bel-prazer.
O sistema habitual é o 4-3-3, com variações para o 4-5-1 quando sem bola. Ocasionalmente Jesualdo Ferreira opta por um 4-4-2 com a inclusão de Jaime a médio direito.
Em ambos os sistemas, os laterais desempenham um papel importante no municionamento da frente de ataque. Quando no sistema de 4-4-2, com Jaime na direita, o lateral direito assume especial importância porque tem como primordial tarefa flanquear o adversário, uma vez que Jaime joga por dentro, arrastando o lateral adversário consigo, abrindo assim o “corredor” para o lateral.
Nos dois sistemas, os laterais, são importantes para conseguir profundidade atacante e flanquear o jogo, para além de representarem uma percentagem significativa do caudal ofensivo do SCB.
O meio campo, joga muito junto e os aspectos tácticos assumem a importância devida. Os médios do SCB são evoluídos tacticamente. Em acções ofensivas conseguem amiúde criar desequilíbrios, incorporando-se no ataque, criando assim um leque alargado de opções atacantes. Em acções defensivas, geralmente o adversário não consegue superioridade numérica no ataque, devido à acção do médios que demonstram grande atenção às incursões adversárias e às compensações, conforme as circunstâncias do jogo. Controlam muito bem o jogo porque são inigualáveis a controlar o ritmo, a velocidade e os espaços. Cada jogador sabe o que fazer.


JOGADORES
A equipa do SCB vale mais pelo colectivo que propriamente pelo valor individual dos jogadores.
Tem dois bons guarda- redes que não sendo excelentes, são bons. Paulo Santos o habitual titular, é um guarda redes que não sendo propriamente ágil, e que tão pouco demonstra grande elasticidade, posiciona-se bem e revela grande eficácia entre os postes como a sair da baliza.

A linha defensiva é composta dos melhores elementos a jogar em Portugal. Temos, na minha opinião, os melhores laterais a jogar em Portugal, onde se destaque Jorge Luiz, considerado na época anterior o melhor lateral da Superliga. Jorge Luiz é um lateral bastante ofensivo, apoia bastante o ataque, cria constantes desiquilibrios e procura a linha de fundo para municiar os nossos avançados com centros de qualidade. Abel, é um lateral completo. Demonstra um enorme sentido táctico e é oportuno e perigoso a atacar.
A dupla de centrais habitualmente composta por Nem e Nunes, é quase intransponível. Sobriedade, segurança, boa capacidade de desarme, leitura de jogo e posicionamento, são atributos destes dois centrais que sem dúvidas se complementam. Paulo Jorge é outro excelente central que sempre que chamado à equipa corresponde distintamente.

O sector intermediário não é menos forte que a defesa.
Habitualmente o sector intermediário é composto por 3 elementos com funções que nos dias de hoje nos habituamos a chamar box-to-box.
Tem jogadores voluntariosos; tacticamente evoluídos; tecnicamente superiores e alguns com nota máxima em determinados capítulos. Quaisquer que seja a abordagem a um jogo, Jesualdo Ferreira tem médios para qualquer opção. Jaime tem uma capacidade de finta impressionante. Hugo Leal uma leitura de jogo e capacidade de passe invejável. Castanheira é voluntarioso e objectivo. Madrid, é abnegado e tacticamente excelente. Vandinho é um volante na acepção da palavra, talvez dos melhores em Portugal. Sidney deu para perceber que é uma mais valia e Filipe talvez mais que uma promessa será uma certeza e precisa de oportunidades. Rossato tem um excelente cartão de visita... Potência e colocação de remate, a par da capacidade de leitura do jogo, fazem dele um jogador a ter em conta.

No sector avançado, o SCB conta com extremos de qualidade e 3 pontas de lança. Césinha é o único esquerdino e apesar de não ser um desequilibrador nato, quando tem espaços, é imparável. Se na esquerda não abundam as opções, na direita o SCB tem 3 alternativas, todas elas válidas. Cândido Costa, que pode também jogar como médio interior direito, Davide e Luís Filipe( lateral). Cada um tem características diferentes. Se Cândido Costa destaca-se pela generosidade que emprega no jogo e raça, já Davide é evoluído tecnicamente e excelente no 1x1. Luís Filipe é polivalente, mas quando a extremo, é um extremo à “antiga”...
Os pontas de lança são João Tomás, Delibasic e Maxi Bevacqua. Se João Tomás destaca-se pela mobilidade, jogo aéreo e oportunismo, Delibasic já demonstrou que podemos contar com ele pelas mesmas razões. Maxi, apesar de não ter um bom cartão de visita, é mais uma opção válida que concerteza contribuirá, assim como os restantes colegas de equipa que habitualmente não jogam, para aumentar a qualidade de jogo e performances da equipa. As boas equipas, são aquelas que tem bons suplentes!

13 setembro 2005

Derrota em Toullose

O SCB foi convidado para um jogo amigável em França, tanto quanto percebi na Comunicação Social desportiva, por iniciativa de emigrantes portugueses em França. Este gesto além de prestigiante, e razão para orgulho é também memorável. É a prova inequívoca da importância que o SCB começa a reunir junto dos adeptos do futebol, nomeadamente junto dos emigrantes com raízes no Minho. Se lembrar que na pré-época o SCB participou no torneio mais prestigado de Espanha - o Ramon Carranza – onde surpreendeu e calou muitas más línguas, então penso que o SCB começa a cativar e a entrar nas preferências clubistas de cada vez mais pessoas.
Todos nós sabemos da importância que os “símbolos” tem para os radicados no estrangeiro que, talvez devido à distãncia, à saudade do país, dos costumes e hábitos, as “clubites” esbatem-se em certa medida e algo mais nobre, tal como o azeite, vem ao de cima, essencialmente quando um clube nacional defronta um estrangeiro.
O emigrante identifica-se muito com o “seu” clube de preferência, mas também com a generalidade dos clubes portugueses, quando este defronta um clube estrangeiro, pois vêem-no como um símbolo nacional, um símbolo da nação, um símbolo da pátria, dos seus costumes, das suas “raízes”... é a sua “bandeira”, é um clube do “seu” país.
Sabemos que os 3 “G” são quem dominam as preferências clubistas dos emigrantes, no entanto, mesmo que não esteja bem vincada junto dos emigrantes a preferência pelo SCB, o facto do SCB no último biénio ter feito excelentes campanhas, contribuiria bastante para cimentar e incutir cada vez mais nesses corações “enfeitiçados” por glórias passadas, a sublime sensação de ser braguista.
As expectativas dos emigrantes em relação ao jogo talvez fossem de considerar. Além da questão da proximidade, pois iriam ver com os seus olhos a equipa que a televisão diz maravilhas, há a questão do ego e a questão patriótica. Uma equipa portuguesa iria defrontar uma francesa. Era a feijões... e que importa. Iriam ver ou estar atentos, ao jogo. Desejavam concerteza sentir o sabor da vitória e a sensação de orgulho inerente à vitória, não só por o adversário ser uma equipa francesa,mas também porque no subinconsciente outros valores e sentimentos, elevavam-se...
No entanto o SCB perdeu... perdeu também uma oportunidade soberana de intrometer-se numa área quase exclusiva dos grandes...paciência.
Resta esperar que o SCB continue a caminhar com convicção e firmemente. Resta esperar que o SCB consiga consolidar o estatuto de equipa europeia. Resta esperar que faça um bom campeonato e Taça de Portugal. Resta esperar que alcance o sucesso na Taça Uefa...
O mais fácil está feito. O mais difícil, está para vir. Alcançar “uma” época de sucesso é fácil, o difícil é manter a bitola durante muitas épocas...o difícil é conseguir muitas e muitas épocas de sucesso.

07 setembro 2005

Venda de cadeiras, venda de indignação.

O SCB, com o novo estádio encetou uma nova modalidade de venda de ingressos para assistir aos jogos. A venda de lugares anuais, vulgo, venda de cadeiras. Nada a apontar, é uma forma de antecipar receitas, rentabilizar o estádio, fidelizar a massa associativa e aumentar a média de assistência.
Já no terceiro ano de comercialização, seria suposto que, em virtude da experiência acumulada, a venda iria decorrer sem problemas de maior e os sócios interessados iriam assim evitar uma série de contrariedades, nomeadamente as filas para adquirir ingressos, garantindo um bom lugar e conseguindo maior comodidade nos jogos.
Muitos compraram o lugar convencidos que as contrariedades habituais para assistir a jogos iriam pura e simplesmente desaparecer, e aqueles dias de azáfama e confusão, iriam dar lugar a dias de tranquilidade e descanso.
Puro engano... porque o departamento que comercializa as cadeiras, fez o favor de vender a mesma cadeira duas vezes.
Sim... por razões injustificáveis, o departamento que procede à comercialização dos lugares anuais vendeu a mesma cadeira duas vezes, originando, um rol de problemas, um rol de revolta e indignação, que facilmente imaginarão. Dezenas e dezenas de casos, com tendência a aumentar, que seriam perfeitamente evitados se os responsáveis já se tivessem apercebido que estamos no século XXI e desde há muito tempo que existem computadores e programas informáticos para o efeito, que evitariam a duplicação de vendas. É indesculpável. Não é aceitável que façam a comercialização com recursos tão rudimentares. Telas a simular as bancadas do estádio, nas paredes e etiquetas autocolantes a indicar a venda de lugares. Os computadores serviam para registar as vendas. Curioso que as telas caiam ocasionalmente, as respectivas etiquetas autocolantes apareciam no chão, e apesar das coitadas das funcionárias alertarem os superiores para a necessidade de verificação dos lugares vendidos, estes, talvez crentes em milagres, ou talvez incompetentes, pura e simplesmente ignoraram a situação. Vender...vender... era a palavra de ordem, o resto resolvia-se como calhasse, demonstrando uma enorme indiferença com os sentimentos dos associados que ficariam em óbvias e consideráveis dificuldades.
A juntar ao ramalhete, o departamento que procedeu à venda dos lugares foi incapaz de detectar os erros em tempo aceitável e na generalidade das ocasiões foram os associados que confrontados com a situação no jogo SCB - Penafiel, denunciaram a situação junto do stand de vendas, perante uma, desamparada, desprotegida e só funcionária, que teve que enfrentar um turbilhão de pessoas insensível e com vontade de descarregar a ânsia e revolta acumulada, em quem aparecesse na frente. Claro que os responsáveis não eram os funcionários, os principais responsáveis não estavam lá. Talvez estivessem nos respectivos gabinetes, talvez ocupados nas árduas, difíceis e hercúleas, tarefas diárias, e escusaram-se a dar a cara.
Naturalmente, após dias, semanas, meses, de comercialização, os lugares foram sendo vendidos. As soluções apresentadas, de recurso, não podiam satisfazer, pois na maioria dos casos, a aquisição dos lugares foi feita em conjunto. Ora se um grupo de amigos ou uma família, adquirir um conjunto de cadeiras, e houver uma situação anómala numa única cadeira, que solução o SCB pode apresentar se os lugares na área envolvente foram todos vendidos? Infelizmente, esta situação é a demonstração, inequívoca, que alguns departamentos não funcionam com o grau de profissionalismo adequado a um clube que quer crescer e deseja estar juntos dos grandes da Europa. António Salvador, por quem nutro uma enorme admiração e reconhecimento, embora não seja o responsável directo, tem que aceitar as responsabilidades intrínsecas à incumbência do cargo. Peço que reflicta e tire as devidas ilações. Não está em causa o dinheiro, está em causa os sentimentos dos associados que muito fazem pelo clube e não ficaram indiferentes e insensíveis ao apelo do Presidente em comprar lugares anuais, em quem muito acreditam e querem continuar a acreditar.

06 setembro 2005

Wender e João Alves.

No início da semana, li na comunicação social desportiva que o Sporting estaria novamente interessado na aquisição do melhor extremo esquerdo da Superliga. Refiro-me inequivocamente a Wender.
Não liguei patavina... melhor, ligar, liguei, e no íntimo desejei que fosse tudo mentira. Desejei que fossem mais uma vez as “especulaçõezinhas” do costume... para vender jornais! Certo?
Puro engano! Afinal, desta vez, após tantos tiros no escuro e após dispararem em todas as direcções, a comunicação social acertou.
O coração dizia-me que o SCB ficaria desfalcado. As expectativas ou a convicção, em relação à presente temporada, eram elevadas porque baseava-se na conclusão simples que o SCB para almejar lutar pelo título ou pela Liga dos Campeões, precisa de reunir os melhores, e na realidade os melhores jogadores, ou dos melhores jogadores a jogarem em Portugal, pertencem ao plantel do SCB. Indiscutivelmente o Wender cotava-se com um dos melhores. Não tem o “nome” de alguns, mas isso que importa? O que realmente importa é o que consegue dentro das quatro linhas, o perfume e a arte do seu futebol, com que delicia os adeptos. São os golos, as assistências os desequilíbrios que cria. Isso sim o importante.
Se o coração ficava triste a razão dizia que talvez fosse o mais sensato uma vez que Wender tem 30 anos e terminará a época com 31... Seria como que o adiar de um problema que inevitavelmente surgiria.
A juntar a isto tudo, à que considerar a vontade do jogador. Talvez com o SCP consiga o contrato da vida dele.
Caso a verba resultante do negócio fosse proveitosa, acho que seria vantajoso para o SCB. É sempre algum dinheiro que entra, importante que é, que contribuirá certamente para o tão desejado equilíbrio orçamental. Não há insubstituíveis e o SCB tem no plantel o Césinha e o “emergente” João Pedro há espreita de uma oportunidade.
Fala-se em 1 milhão de euros. A ser assim, acho que o negócio acaba por ser vantajoso para o SCB.

A questão residiria então se a SAD iria contratar algum jogador para colmatar o lugar deixado em aberto por Wender, ou ao invés confiar nos jogadores que supra mencionei.
- Não que fosse mesmo necessário... pensei! A jogar no mesmo sistema táctico Césinha ou João Pedro seriam bastante úteis, no entanto, e em virtude do excelente plantel, Jesualdo Ferreira, poderia perfeitamente alterar o sistema táctico sem beliscar minimamente na filosofia de jogo. Embora prefira jogar com extremos, pois considero que se consegue mais profundidade, capacidade ofensiva, JF poderia optar por colocar Castanheira a médio esquerdo... adiantar Jorge Luíz... enfim, um infindável leque de opções!
Cedo se confirmou a contratação de Rossato. Afinal de contas, a SAD decidiu pedir emprestado Rossato. Mais uma alternativa para o plantel. Digo alternativa, e não substituto de Wender porque acho que Rossato não tem características de extremo... Não se pense que questiono a sua contratação, é um bom jogador, é inquestionável. O que questiono é o seu custo e a capacidade financeira do SCB, pois acho que não faz sentido contratar um jogador se eventualmente as verbas arrecadadas pela venda do Wender forem total ou quase totalmente gastas na contratação por uma época do Rossato(empréstimo). Caso as observações não tenham fundamento, então é mais um bom(excelente?!?) negócio.

As 18 horas do dia 31 aproximavam-se a passos largos e a ansiedade aumentava em igual medida, pois novamente a CS avançou com a possibilidade doutro jogador rumar a Alvalade.
João Alves voltava à baila. Com a saída de Rochemback para Inglaterra, o SCP pretendia contratar João Alves. Seria verdade? Mentira?
Foi mesmo verdade...
Como que não bastasse a saída do João Alves, a CS afiançava que Abel e Jorge Luiz poderiam também sair...
- Como??? Pensei eu! Não pode ser!
O coração estremeceu... ficou apertadinho, pequenino. A surpresa, a espanto inicial começou a dar lugar à indignação e revolta para com a SAD, pois se a CS que até então estava a “acertar”, era altamente provável que acertasse novamente, desta feita, na saída do Jorge Luiz e Abel.
Aguardei com a tranquilidade possível(se é que posso dizer tranquilidade) pelo fecho das inscrições. Foi com imensa alegria que constatei que as saídas de Jorge Luiz e Abel não se confirmaram. Continuavam a ser do SCB...
A juntar ao Wender, confirmou-se a saída do João Alves. Infelizmente saiu o João Alves...
Infelizmente? Não! Felizmente. Com toda a certeza afirmo: Felizmente...

Não que desejasse a saída do João Alves, pelo contrário é um jogador que admiro bastante mas, face ao actual plantel, a saída do João Alves foi a melhor solução para o grupo. Em todos os aspectos, desde o financeiro até o desportivo, a saída do João Alves foi a melhor solução, senão vejamos...
No sistema táctico que o SCB habitualmente apresenta, jogam 3 médio centro. O plantel tem 8 médios centro. A saber: João Alves, Madrid, Vandinho, Hugo Leal, Sidney, Castanheira, Jaime e Filipe. Todos eles de características diferentes, todos eles(ou quase) com estatuto de titulares, todos eles importantes, e alguns mesmo preponderantes na equipa. Abundam no plantel médios centro e seria imperioso a rotatividade. Mesmo que tal sucedesse não significaria forçosamente o contentamento geral. Óbvio que o SCB irá disputar a Taça UEFA e caso consiga o apuramento para fase de grupos, a rotatividade irá ser maior, mas desde quando a eventualidade de realizar mais 4 jogos é razão para manter 8 jogadores para um sector onde só podem jogar 3? Não tenho dúvidas que qualquer que fosse a opção de Jesualdo Ferreira, acabaria por “queimar” um activo do plantel.

Gostaria de abordar uma outra perspectiva. É consensual que temos muita gente para o meio campo e o descontentamento ou desconforto de alguns jogadores por não jogarem assiduamente seria altamente provável. Também concordamos que todos ou quase todos os jogadores tem estatuto de titular e são preponderantes pelas mais diversas razões, desde razões meramente desportivas até a razões inerentes ao grupo de trabalho(balneário, etc...). Então qual o jogador que deveria ser vendido? O Hugo Leal? O Madrid? O Vandinho? O Sidney? O Castanheira?
Qualquer que fosse a decisão, qualquer que fosse a “venda” de um destes jogadores, o sentimento de tristeza seria idêntico àquele que nutrimos pelo João Alves.

Pelas razões atrás expostas digo e reitero que a venda de João Alves foi a melhor solução. Está em “alta”, é uma revelação e somos detentores de 50% do passe.
Há vozes discordantes pelo facto do SCB vender a rival(?!?), reforçando-o e aumentando exponencialmente a capacidade deste conseguir os seus objectivos, que no fundo poderão significar o insucesso dos nossos que eventualmente até serão os mesmos.
Concordo parcialmente... Parcialmente porque se existe uma reciprocidade entre as partes, podemos dizer que o SCP reforçou-se mas teve custos financeiros que foram bastante proveitosos para o SCB. Quem conhece minimamente a situação financeira do SCB sabe que é imperioso o SCB arrecadar receitas extraordinárias para o equilíbrio orçamental. O SCB ainda não tem uma massa adepta suficientemente grande que lhe permita arrecadar receitas correntes suficientemente significativas para sustentar uma equipa que lute por objectivos “épicos. Refiro-me à luta pelo título ou mesmo a Liga dos Campeões. A venda deste jogadores significa, dito de outro modo, que a manutenção desta equipa está assegurada e a eventualidade de crescer desportivamente é bem plausível. Deixemo-nos de rodeios... é preciso dinheiro para ter bons jogadores. Embora muitos digam que não é assim, mas a verdade é que existe uma relação directa entre o investimento e a classificação desportiva, salvo raras excepções. O campeonato, prova de regularidade que é, é dominado pelas equipas que tem melhores jogadores, isto é, as equipas que ostentam os orçamentos mais elevados, na ordem dos 25/30 milhões de euros.
O futuro será risonho e proporcionará aos adeptos do SCB alegrias e momentos de glória.
José Araújo

PS- E claro que também fico contente pelo João Alves que concerteza viu a sua situação financeira melhorada substancialmente, pois não tenho dúvidas que o SCP tem maior capacidade financeira que o SCB. Afinal de contas o João Alves é um profissional. Dos bons, diga-se... Um profissional exemplar!