10 dezembro 2005

Um grande erro!

Recordo uma frase de Goethe para fazer a introdução a este texto. Dizia ele, e cito: “É um grande erro crer-se mais importante do que se é, e estimar-se menos do que se vale”
Uma reflexão mais pormenorizada nesta frase leva-nos a várias conclusões. Uma delas é o equilíbrio.
Neste momento devem estar a questionar-se acerca do que pretendo...

Embora muitos teimem em não aceitar o que os olhos vêem, a verdade é que a nossa região está infestada de adeptos dos 3 “G”, nomeadamente do Benfica.
Eu, como todos nós, temos colegas de trabalho, amigos, familiares adeptos desses clubes. Tolero a sua preferência clubista e em certa medida aceito. O que não aceito é a prepotência, a arrogância, daqueles que, embebidos num complexo de superioridade(de quê???) sem precedentes, incham o peito e a voz, quando o seu clube vive o sucesso como que de algo fundamental se tratasse. Sabemos que os 3”G” usualmente ganham muitas vezes e sabemos que isto acontece frequentemente.
Felizmente o SCB está em primeiro lugar, e o clube simpático que até servia para ir comprar jogadores em saldo, ocupa agora o lugar de um dos “grandes”.
Os adeptos dos 3”G”, crentes, acreditam piamente que o seu clube depressa recuperará o folgo e ocupará o lugar que por direito(?!?) lhe pertence. Apesar de tudo, dos factos, das evidências, eles acreditam que a actual conjuntura não passa de uma situação esporádica e depressa o SCB voltará ao seu lugar...
E a arrogância, prepotência, continua... Coitados! Lamento por eles.
...o desprezo costuma ser eficaz! É assim que lido com eles.
Porém não posso aplicar o mesmo tipo de comportamento a um outro tipo de adeptos. Os Braguistas. Para o bem e para o mal, começo a encontrar no seio da família braguista o mesmo tipo de comportamentos que costumo verificar nos adeptos dos 3 “G” e habitualmente desprezo.
Vamos permanecer serenos.
Mais que nunca o equilíbrio, o comedimento é importante. Porque senão vamos ser exactamente iguais aqueles que tanto desprezamos. Pensem nisto...Mais que nunca a frase de Goethe é a adequada: “É um grande erro crer-se mais importante do que se é, e estimar-se menos do que se vale”

18 setembro 2005

É Craque? -depende onde joga!

Craques... os adeptos anseiam por craques. No defeso, os adeptos ávidos de vitórias, quase que exigem à administração do seu clube a contratação de craques, como que esse pressuposto permita de ganhar campeonatos.
Mas afinal o que é um craque?
Um craque é um jogador que é dotado de grandes qualidades e atributos futebolísticos. Devido às suas qualidades, é um jogador que consegue impulsionar com o perfume do seu futebol; com a eficácia; com a arte; os adeptos. Geralmente os adeptos vibram com os lances protagonizados por jogadores muito dotados tecnicamente, mas o mesmo acontece com a eficácia e sobriedade doutros. Quando os craques abrem o livro, e conseguem libertar a inspiração própria dos mesmos, um jogo de futebol é indiscritível. Não há espectáculo semelhante.
Tudo isto para dizer que para muitos, um craque é muito mais que isso. É algo mágico. Para muitos, o craque, mais que um jogador de futebol é um ídolo, um exemplo a seguir. Contribuem e muito para aumentar os índices de orgulho em relação ao clube preferido.

Gostaria de abordar uma outra perspectiva em relação aos craques. Infelizmente, o craque não é reconhecido pelo seu verdadeiro valor, mas sim, pela projecção dada pela Comunicação Social. Com maior ou menor valor, a verdade é que os craques – os tais jogadores dotados de qualidades futebolísticas- conseguem o reconhecimento, não pelo seu verdadeiro valor, mas pela projecção que a Comunicação Social lhes dedica.
É caso para dizer que a Comunicação Social também tem o poder de “fabricar”, “lançar” e no fundo, saciar os adeptos ávidos de informações sobre os seus “meninos”. É quase uma simbiose.
Exemplos não faltam. Tiago quando ao serviço do SCB era um jogador a ter em conta, mas passou sempre despercebido. Quando foi contratado pelo SLB, alcançou o estrelato.
Armando, lateral direito do SCB na época 2001/2002, passou despercebido. Quando se transferiu para o SLB, os media descobriram que o dito jogador, afinal era o rei das assistências, ultrapassando mesmo a “vedeta” Simão Sabrosa.
Na presente temporada, aconteceu exactamente o mesmo. Wender e João Alves transferiram-se para o SCP. No curto espaço de 8 dias, projectou-se, enalteceu-se, mais as qualidades dos dois jogadores, que durante as respectivas carreiras futebolísticas, que diga-se, foi notável.
É caso para dizer que num ápice, num segundo, num minuto, surgiram dois craques como que surgidos do nada.
É caso para dizer que os craques só existem quando a Comunicação Social decidir.
É caso para dizer que os craques só existem em clubes que tenham muitos adeptos.É caso para dizer que caso não se jogue nos “grandes” não se pode ser craque.

17 setembro 2005

SCB vs 3 "G"

O SCB, gradualmente, está a intrometer-se na luta pelo campeonato com os habituais 3”G”. O início da Liga, onde o SCB conseguiu 3 vitórias em outros tantos jogos, vem demonstrar que as aspirações são reais.
Tem mesmo o SCB legitimas aspirações ao título?
Temos que ter em consideração que os 3”G” são equipas que se posicionam num patamar acima daquele que ocupa o SCB, mas isso não implica que as ambições do SCB sejam ambições desmedidas caso construa uma equipa de qualidade. Sim... é importante conseguir bons jogadores, e para isso é necessário dinheiro. Habitualmente, os 3”G” porque estão num outro patamar, tem mais dinheiro, tem então maiores hipóteses de conseguir jogadores de qualidade com probabilidade de conseguirem melhores equipas. Conseguem também maior influência junto das arbitragens e media ... e o lobbie funciona!
O SCB só não tem o poder de influência que os 3”G” tem, junto dos media e arbitragem, por que de resto é evidente a qualidade dos jogadores que compõem o plantel.
Acho perfeitamente legítimas e sérias as aspirações do SCB mesmo quando comparamos com os outros candidatos.
Claro que os 3"G" são poderosos e reunem nos seus plantéis "craques". O erro maior será menosprezar o valor de jogadores que compõem os plantéis dos 3"G". óbvio que o SCB também os tem. Se o 3"G" tem o Simão, Miccoli... Liedson, Moutinho... Diego, Lucho... então o SCB tem o Jorge Luiz, Nunes, Madrid, Hugo leal.
Analisemos então as equipas do SLB, FCP, SCP, comparando o seu potencial teórico com o do SCB.
O FCP na minha opinião talvez seja a equipa que a nível teórico está mais forte. Tem um bom treinador e um bom plantel. Tal como JF, controla as fases do jogo e tem um plantel que lhe permite fazer várias abordagens ao jogo. As soluções são mais que muitas... Consegue um grande caudal ofensivo, chegando mesmo a ser asfixiante, e se o futebol colectivo, o jogo de equipa, não funcionar, pode “apelar” à qualidade individual de jogadores.
O FCP habitualmente joga num 4-2-3-1, sem extremos de raiz, e está dependente da subida dos laterais para dar profundidade atacante, uma vez que tanto Jorginho na direita, como Lisandro na esquerda, no apoio a Sokota, não tem características de extremos. São excelentes jogadores, e com grande capacidade técnica. O FCP joga com os sectores juntos e raramente concede espaços entre os sectores, com um meio campo forte onde se destacam, Ibson, Lucho, a médios centro, com Diego mais adiantado no terreno.
O sector defensivo é um sector banal, quando comparado com o resto da equipa. César Peixoto, embora com grande capacidade ofensiva, é banal a defender. Sonkaya é um lateral mais equilibrado. Os centrais apesar de boa qualidade, não transmitem a segurança necessária a uma equipa que luta por tão grande objectivo,

O SLB, apesar de ter bons jogadores ainda não tem uma boa equipa. Não quero dizer que a prazo não consiga, mas actualmente, denota muita dependência das iniciativas individuais de Simão e Miccoli.
Koeman ainda não encontrou a equipa tipo, que tudo indica, será a que ganhou ao Lille. Se Koeman optar pela equipa que jogou contra o Lille, acho que o filme se irá repetir, uma vez que, os elementos da frente não são jogadores de “equipa”. Eventualmente, deixarão Petit e Manuel Fernandes desamparados no centro do terreno. Ainda é tudo confuso... a filosofia e sistema de jogo do SLB, ainda não está definida. O que se viu até agora foi uma equipa muito permeável e muito estendida no terreno de jogo.
O sector defensivo tem centrais de inegável categoria. Luizão e Anderson são dois excelentes centrais, dos melhores que jogam no campeonato. Os laterais não se coadunam com o nível desejado a uma equipa como o SLB. No meio campo, apesar do SLB se ter reforçado, o sector foi entregue a Petit e Manuel Fernandes. Ambos parecem-me desamparados e Manuel Fernandes ainda não se adaptou aos novos métodos de trabalho e tarda a afirmar-se como "patrão" do meio campo.
Na frente, Miccoli é mesmo uma mais valia e juntamente com Simão poderão resolver muitos problemas ao SLB. Geovanni, Nuno Gomes, embora de valor, cada vez mais perdem preponderância na equipa.

Apesar dos responsáveis do SCP apregoarem que estão mais fortes, confesso que não deslumbro tal pujança.
É certo que contrataram Deivid, Edson, Wender, João Alves, Luís Loureiro, Tonel...mas perderam jogadores muito influentes. Enak era sem dúvida o melhor central do SCP. Roca era preponderante e resolvia constantemente jogos. Hugo Viana era um "senhor" no meio campo sportinguista. Para não falar das saídas de Rui Jorge e Pedro Barbosa...
Em relação à época passada, o SCP acho que ficou a perder. A “melhor contratação” talvez seja mesmo a afirmação de J. Moutinho, que definitivamente está a afirmar-se como excelente jogador.
O SCP habitualmente apresenta um futebol ofensivo apoiado em que precisa de muitos toques para chegar à baliza. Os laterais são bastante ofensivos e o centro da defesa está entregue a Beto e Polga, centrais que já demonstraram alguma irregularidade no passado. Tonel é um central “vulgar”. No meio campo destaca-se J. Moutinho. Adivinho que João Alves poderá desempenhar um papel importante no futuro, no entanto, apesar do seu valor, poderá não fazer esquecer Hugo Viana. O mesmo sucederá com Luís Loureiro, que apesar da sua qualidade, não deverá fazer esquecer Rochemback..
Na frente de ataque, Liedson é a referência por excelência. Wender veio trazer uma alternativa para a esquerda, mas no sistema de 2 avançados poucas hipóteses terá de jogar de início.

Confrontando as 4 equipas, facilmente se concluiu que o FCP e o SCB são as equipas melhor organizadas tacticamente e com melhor conjunto. O SLB, apesar de bons valores, ainda não se encontrou e o SCP apesar de ser um candidato, está mais débil que no ano anterior.

Análise ao SCB.

O SCB assume-se como uma equipa que pode disputar com os 3 “G” os objectivos que usualmente estes dividem entre si.
De facto, na temporada anterior o SCB, disputou com os 3”G”, até às jornadas finais o título de campeão, claudicando somente devido a uma invulgar onda de lesões que arredaram da equipa jogadores influentes, da malfadada sorte e da nefasta arbitragem.
Apesar da saída de jogadores influentes, o SCB este ano, está mais forte e equilibrada, e bastante coesa.
Manteve a “espinha dorsal” do ano anterior e adquiriu jogadores com estatuto a quem se augura o sucesso. A administração liderada por António Salvador continua e a equipa técnica é a mesma, que a par com a já mencionada manutenção da equipa do ano anterior contribui sem margem para dúvidas para alimentar as expectativas. O sonho ganha contornos e existe a convicção que este ano pode ser o despertar... o tão desejado e esperado “Ano Braguista”.

TÁCTICA
Os jogadores da equipa do SCB conhecedores da filosofia de jogo e sistema, formam um conjunto que sabe o que quer. É uma equipa madura e ambiciosa.
Jesualdo Ferreira, ciente que o jogo tem várias fases, conseguiu incutir nos jogadores os princípios de jogo que pretendia e actualmente os jogadores do SCB, conseguem controlar e aplicar, o ritmo e velocidade que interessam, durante os 90 minutos do jogo. Os sectores habitualmente jogam juntos o que diminuiu a capacidade do adversário em organizar jogadas de perigo. O SCB é uma equipa calculista, coesa, joga inteligentemente e pela certa. Ora optando por circular a bola, movimentos laterais, guardando a bola e desgastando o adversário, ora optando por rápidas transições defesa-ataque, jogo directo e objectivo, o SCB consegue habitualmente controlar o jogo a seu bel-prazer.
O sistema habitual é o 4-3-3, com variações para o 4-5-1 quando sem bola. Ocasionalmente Jesualdo Ferreira opta por um 4-4-2 com a inclusão de Jaime a médio direito.
Em ambos os sistemas, os laterais desempenham um papel importante no municionamento da frente de ataque. Quando no sistema de 4-4-2, com Jaime na direita, o lateral direito assume especial importância porque tem como primordial tarefa flanquear o adversário, uma vez que Jaime joga por dentro, arrastando o lateral adversário consigo, abrindo assim o “corredor” para o lateral.
Nos dois sistemas, os laterais, são importantes para conseguir profundidade atacante e flanquear o jogo, para além de representarem uma percentagem significativa do caudal ofensivo do SCB.
O meio campo, joga muito junto e os aspectos tácticos assumem a importância devida. Os médios do SCB são evoluídos tacticamente. Em acções ofensivas conseguem amiúde criar desequilíbrios, incorporando-se no ataque, criando assim um leque alargado de opções atacantes. Em acções defensivas, geralmente o adversário não consegue superioridade numérica no ataque, devido à acção do médios que demonstram grande atenção às incursões adversárias e às compensações, conforme as circunstâncias do jogo. Controlam muito bem o jogo porque são inigualáveis a controlar o ritmo, a velocidade e os espaços. Cada jogador sabe o que fazer.


JOGADORES
A equipa do SCB vale mais pelo colectivo que propriamente pelo valor individual dos jogadores.
Tem dois bons guarda- redes que não sendo excelentes, são bons. Paulo Santos o habitual titular, é um guarda redes que não sendo propriamente ágil, e que tão pouco demonstra grande elasticidade, posiciona-se bem e revela grande eficácia entre os postes como a sair da baliza.

A linha defensiva é composta dos melhores elementos a jogar em Portugal. Temos, na minha opinião, os melhores laterais a jogar em Portugal, onde se destaque Jorge Luiz, considerado na época anterior o melhor lateral da Superliga. Jorge Luiz é um lateral bastante ofensivo, apoia bastante o ataque, cria constantes desiquilibrios e procura a linha de fundo para municiar os nossos avançados com centros de qualidade. Abel, é um lateral completo. Demonstra um enorme sentido táctico e é oportuno e perigoso a atacar.
A dupla de centrais habitualmente composta por Nem e Nunes, é quase intransponível. Sobriedade, segurança, boa capacidade de desarme, leitura de jogo e posicionamento, são atributos destes dois centrais que sem dúvidas se complementam. Paulo Jorge é outro excelente central que sempre que chamado à equipa corresponde distintamente.

O sector intermediário não é menos forte que a defesa.
Habitualmente o sector intermediário é composto por 3 elementos com funções que nos dias de hoje nos habituamos a chamar box-to-box.
Tem jogadores voluntariosos; tacticamente evoluídos; tecnicamente superiores e alguns com nota máxima em determinados capítulos. Quaisquer que seja a abordagem a um jogo, Jesualdo Ferreira tem médios para qualquer opção. Jaime tem uma capacidade de finta impressionante. Hugo Leal uma leitura de jogo e capacidade de passe invejável. Castanheira é voluntarioso e objectivo. Madrid, é abnegado e tacticamente excelente. Vandinho é um volante na acepção da palavra, talvez dos melhores em Portugal. Sidney deu para perceber que é uma mais valia e Filipe talvez mais que uma promessa será uma certeza e precisa de oportunidades. Rossato tem um excelente cartão de visita... Potência e colocação de remate, a par da capacidade de leitura do jogo, fazem dele um jogador a ter em conta.

No sector avançado, o SCB conta com extremos de qualidade e 3 pontas de lança. Césinha é o único esquerdino e apesar de não ser um desequilibrador nato, quando tem espaços, é imparável. Se na esquerda não abundam as opções, na direita o SCB tem 3 alternativas, todas elas válidas. Cândido Costa, que pode também jogar como médio interior direito, Davide e Luís Filipe( lateral). Cada um tem características diferentes. Se Cândido Costa destaca-se pela generosidade que emprega no jogo e raça, já Davide é evoluído tecnicamente e excelente no 1x1. Luís Filipe é polivalente, mas quando a extremo, é um extremo à “antiga”...
Os pontas de lança são João Tomás, Delibasic e Maxi Bevacqua. Se João Tomás destaca-se pela mobilidade, jogo aéreo e oportunismo, Delibasic já demonstrou que podemos contar com ele pelas mesmas razões. Maxi, apesar de não ter um bom cartão de visita, é mais uma opção válida que concerteza contribuirá, assim como os restantes colegas de equipa que habitualmente não jogam, para aumentar a qualidade de jogo e performances da equipa. As boas equipas, são aquelas que tem bons suplentes!

13 setembro 2005

Derrota em Toullose

O SCB foi convidado para um jogo amigável em França, tanto quanto percebi na Comunicação Social desportiva, por iniciativa de emigrantes portugueses em França. Este gesto além de prestigiante, e razão para orgulho é também memorável. É a prova inequívoca da importância que o SCB começa a reunir junto dos adeptos do futebol, nomeadamente junto dos emigrantes com raízes no Minho. Se lembrar que na pré-época o SCB participou no torneio mais prestigado de Espanha - o Ramon Carranza – onde surpreendeu e calou muitas más línguas, então penso que o SCB começa a cativar e a entrar nas preferências clubistas de cada vez mais pessoas.
Todos nós sabemos da importância que os “símbolos” tem para os radicados no estrangeiro que, talvez devido à distãncia, à saudade do país, dos costumes e hábitos, as “clubites” esbatem-se em certa medida e algo mais nobre, tal como o azeite, vem ao de cima, essencialmente quando um clube nacional defronta um estrangeiro.
O emigrante identifica-se muito com o “seu” clube de preferência, mas também com a generalidade dos clubes portugueses, quando este defronta um clube estrangeiro, pois vêem-no como um símbolo nacional, um símbolo da nação, um símbolo da pátria, dos seus costumes, das suas “raízes”... é a sua “bandeira”, é um clube do “seu” país.
Sabemos que os 3 “G” são quem dominam as preferências clubistas dos emigrantes, no entanto, mesmo que não esteja bem vincada junto dos emigrantes a preferência pelo SCB, o facto do SCB no último biénio ter feito excelentes campanhas, contribuiria bastante para cimentar e incutir cada vez mais nesses corações “enfeitiçados” por glórias passadas, a sublime sensação de ser braguista.
As expectativas dos emigrantes em relação ao jogo talvez fossem de considerar. Além da questão da proximidade, pois iriam ver com os seus olhos a equipa que a televisão diz maravilhas, há a questão do ego e a questão patriótica. Uma equipa portuguesa iria defrontar uma francesa. Era a feijões... e que importa. Iriam ver ou estar atentos, ao jogo. Desejavam concerteza sentir o sabor da vitória e a sensação de orgulho inerente à vitória, não só por o adversário ser uma equipa francesa,mas também porque no subinconsciente outros valores e sentimentos, elevavam-se...
No entanto o SCB perdeu... perdeu também uma oportunidade soberana de intrometer-se numa área quase exclusiva dos grandes...paciência.
Resta esperar que o SCB continue a caminhar com convicção e firmemente. Resta esperar que o SCB consiga consolidar o estatuto de equipa europeia. Resta esperar que faça um bom campeonato e Taça de Portugal. Resta esperar que alcance o sucesso na Taça Uefa...
O mais fácil está feito. O mais difícil, está para vir. Alcançar “uma” época de sucesso é fácil, o difícil é manter a bitola durante muitas épocas...o difícil é conseguir muitas e muitas épocas de sucesso.

07 setembro 2005

Venda de cadeiras, venda de indignação.

O SCB, com o novo estádio encetou uma nova modalidade de venda de ingressos para assistir aos jogos. A venda de lugares anuais, vulgo, venda de cadeiras. Nada a apontar, é uma forma de antecipar receitas, rentabilizar o estádio, fidelizar a massa associativa e aumentar a média de assistência.
Já no terceiro ano de comercialização, seria suposto que, em virtude da experiência acumulada, a venda iria decorrer sem problemas de maior e os sócios interessados iriam assim evitar uma série de contrariedades, nomeadamente as filas para adquirir ingressos, garantindo um bom lugar e conseguindo maior comodidade nos jogos.
Muitos compraram o lugar convencidos que as contrariedades habituais para assistir a jogos iriam pura e simplesmente desaparecer, e aqueles dias de azáfama e confusão, iriam dar lugar a dias de tranquilidade e descanso.
Puro engano... porque o departamento que comercializa as cadeiras, fez o favor de vender a mesma cadeira duas vezes.
Sim... por razões injustificáveis, o departamento que procede à comercialização dos lugares anuais vendeu a mesma cadeira duas vezes, originando, um rol de problemas, um rol de revolta e indignação, que facilmente imaginarão. Dezenas e dezenas de casos, com tendência a aumentar, que seriam perfeitamente evitados se os responsáveis já se tivessem apercebido que estamos no século XXI e desde há muito tempo que existem computadores e programas informáticos para o efeito, que evitariam a duplicação de vendas. É indesculpável. Não é aceitável que façam a comercialização com recursos tão rudimentares. Telas a simular as bancadas do estádio, nas paredes e etiquetas autocolantes a indicar a venda de lugares. Os computadores serviam para registar as vendas. Curioso que as telas caiam ocasionalmente, as respectivas etiquetas autocolantes apareciam no chão, e apesar das coitadas das funcionárias alertarem os superiores para a necessidade de verificação dos lugares vendidos, estes, talvez crentes em milagres, ou talvez incompetentes, pura e simplesmente ignoraram a situação. Vender...vender... era a palavra de ordem, o resto resolvia-se como calhasse, demonstrando uma enorme indiferença com os sentimentos dos associados que ficariam em óbvias e consideráveis dificuldades.
A juntar ao ramalhete, o departamento que procedeu à venda dos lugares foi incapaz de detectar os erros em tempo aceitável e na generalidade das ocasiões foram os associados que confrontados com a situação no jogo SCB - Penafiel, denunciaram a situação junto do stand de vendas, perante uma, desamparada, desprotegida e só funcionária, que teve que enfrentar um turbilhão de pessoas insensível e com vontade de descarregar a ânsia e revolta acumulada, em quem aparecesse na frente. Claro que os responsáveis não eram os funcionários, os principais responsáveis não estavam lá. Talvez estivessem nos respectivos gabinetes, talvez ocupados nas árduas, difíceis e hercúleas, tarefas diárias, e escusaram-se a dar a cara.
Naturalmente, após dias, semanas, meses, de comercialização, os lugares foram sendo vendidos. As soluções apresentadas, de recurso, não podiam satisfazer, pois na maioria dos casos, a aquisição dos lugares foi feita em conjunto. Ora se um grupo de amigos ou uma família, adquirir um conjunto de cadeiras, e houver uma situação anómala numa única cadeira, que solução o SCB pode apresentar se os lugares na área envolvente foram todos vendidos? Infelizmente, esta situação é a demonstração, inequívoca, que alguns departamentos não funcionam com o grau de profissionalismo adequado a um clube que quer crescer e deseja estar juntos dos grandes da Europa. António Salvador, por quem nutro uma enorme admiração e reconhecimento, embora não seja o responsável directo, tem que aceitar as responsabilidades intrínsecas à incumbência do cargo. Peço que reflicta e tire as devidas ilações. Não está em causa o dinheiro, está em causa os sentimentos dos associados que muito fazem pelo clube e não ficaram indiferentes e insensíveis ao apelo do Presidente em comprar lugares anuais, em quem muito acreditam e querem continuar a acreditar.

06 setembro 2005

Wender e João Alves.

No início da semana, li na comunicação social desportiva que o Sporting estaria novamente interessado na aquisição do melhor extremo esquerdo da Superliga. Refiro-me inequivocamente a Wender.
Não liguei patavina... melhor, ligar, liguei, e no íntimo desejei que fosse tudo mentira. Desejei que fossem mais uma vez as “especulaçõezinhas” do costume... para vender jornais! Certo?
Puro engano! Afinal, desta vez, após tantos tiros no escuro e após dispararem em todas as direcções, a comunicação social acertou.
O coração dizia-me que o SCB ficaria desfalcado. As expectativas ou a convicção, em relação à presente temporada, eram elevadas porque baseava-se na conclusão simples que o SCB para almejar lutar pelo título ou pela Liga dos Campeões, precisa de reunir os melhores, e na realidade os melhores jogadores, ou dos melhores jogadores a jogarem em Portugal, pertencem ao plantel do SCB. Indiscutivelmente o Wender cotava-se com um dos melhores. Não tem o “nome” de alguns, mas isso que importa? O que realmente importa é o que consegue dentro das quatro linhas, o perfume e a arte do seu futebol, com que delicia os adeptos. São os golos, as assistências os desequilíbrios que cria. Isso sim o importante.
Se o coração ficava triste a razão dizia que talvez fosse o mais sensato uma vez que Wender tem 30 anos e terminará a época com 31... Seria como que o adiar de um problema que inevitavelmente surgiria.
A juntar a isto tudo, à que considerar a vontade do jogador. Talvez com o SCP consiga o contrato da vida dele.
Caso a verba resultante do negócio fosse proveitosa, acho que seria vantajoso para o SCB. É sempre algum dinheiro que entra, importante que é, que contribuirá certamente para o tão desejado equilíbrio orçamental. Não há insubstituíveis e o SCB tem no plantel o Césinha e o “emergente” João Pedro há espreita de uma oportunidade.
Fala-se em 1 milhão de euros. A ser assim, acho que o negócio acaba por ser vantajoso para o SCB.

A questão residiria então se a SAD iria contratar algum jogador para colmatar o lugar deixado em aberto por Wender, ou ao invés confiar nos jogadores que supra mencionei.
- Não que fosse mesmo necessário... pensei! A jogar no mesmo sistema táctico Césinha ou João Pedro seriam bastante úteis, no entanto, e em virtude do excelente plantel, Jesualdo Ferreira, poderia perfeitamente alterar o sistema táctico sem beliscar minimamente na filosofia de jogo. Embora prefira jogar com extremos, pois considero que se consegue mais profundidade, capacidade ofensiva, JF poderia optar por colocar Castanheira a médio esquerdo... adiantar Jorge Luíz... enfim, um infindável leque de opções!
Cedo se confirmou a contratação de Rossato. Afinal de contas, a SAD decidiu pedir emprestado Rossato. Mais uma alternativa para o plantel. Digo alternativa, e não substituto de Wender porque acho que Rossato não tem características de extremo... Não se pense que questiono a sua contratação, é um bom jogador, é inquestionável. O que questiono é o seu custo e a capacidade financeira do SCB, pois acho que não faz sentido contratar um jogador se eventualmente as verbas arrecadadas pela venda do Wender forem total ou quase totalmente gastas na contratação por uma época do Rossato(empréstimo). Caso as observações não tenham fundamento, então é mais um bom(excelente?!?) negócio.

As 18 horas do dia 31 aproximavam-se a passos largos e a ansiedade aumentava em igual medida, pois novamente a CS avançou com a possibilidade doutro jogador rumar a Alvalade.
João Alves voltava à baila. Com a saída de Rochemback para Inglaterra, o SCP pretendia contratar João Alves. Seria verdade? Mentira?
Foi mesmo verdade...
Como que não bastasse a saída do João Alves, a CS afiançava que Abel e Jorge Luiz poderiam também sair...
- Como??? Pensei eu! Não pode ser!
O coração estremeceu... ficou apertadinho, pequenino. A surpresa, a espanto inicial começou a dar lugar à indignação e revolta para com a SAD, pois se a CS que até então estava a “acertar”, era altamente provável que acertasse novamente, desta feita, na saída do Jorge Luiz e Abel.
Aguardei com a tranquilidade possível(se é que posso dizer tranquilidade) pelo fecho das inscrições. Foi com imensa alegria que constatei que as saídas de Jorge Luiz e Abel não se confirmaram. Continuavam a ser do SCB...
A juntar ao Wender, confirmou-se a saída do João Alves. Infelizmente saiu o João Alves...
Infelizmente? Não! Felizmente. Com toda a certeza afirmo: Felizmente...

Não que desejasse a saída do João Alves, pelo contrário é um jogador que admiro bastante mas, face ao actual plantel, a saída do João Alves foi a melhor solução para o grupo. Em todos os aspectos, desde o financeiro até o desportivo, a saída do João Alves foi a melhor solução, senão vejamos...
No sistema táctico que o SCB habitualmente apresenta, jogam 3 médio centro. O plantel tem 8 médios centro. A saber: João Alves, Madrid, Vandinho, Hugo Leal, Sidney, Castanheira, Jaime e Filipe. Todos eles de características diferentes, todos eles(ou quase) com estatuto de titulares, todos eles importantes, e alguns mesmo preponderantes na equipa. Abundam no plantel médios centro e seria imperioso a rotatividade. Mesmo que tal sucedesse não significaria forçosamente o contentamento geral. Óbvio que o SCB irá disputar a Taça UEFA e caso consiga o apuramento para fase de grupos, a rotatividade irá ser maior, mas desde quando a eventualidade de realizar mais 4 jogos é razão para manter 8 jogadores para um sector onde só podem jogar 3? Não tenho dúvidas que qualquer que fosse a opção de Jesualdo Ferreira, acabaria por “queimar” um activo do plantel.

Gostaria de abordar uma outra perspectiva. É consensual que temos muita gente para o meio campo e o descontentamento ou desconforto de alguns jogadores por não jogarem assiduamente seria altamente provável. Também concordamos que todos ou quase todos os jogadores tem estatuto de titular e são preponderantes pelas mais diversas razões, desde razões meramente desportivas até a razões inerentes ao grupo de trabalho(balneário, etc...). Então qual o jogador que deveria ser vendido? O Hugo Leal? O Madrid? O Vandinho? O Sidney? O Castanheira?
Qualquer que fosse a decisão, qualquer que fosse a “venda” de um destes jogadores, o sentimento de tristeza seria idêntico àquele que nutrimos pelo João Alves.

Pelas razões atrás expostas digo e reitero que a venda de João Alves foi a melhor solução. Está em “alta”, é uma revelação e somos detentores de 50% do passe.
Há vozes discordantes pelo facto do SCB vender a rival(?!?), reforçando-o e aumentando exponencialmente a capacidade deste conseguir os seus objectivos, que no fundo poderão significar o insucesso dos nossos que eventualmente até serão os mesmos.
Concordo parcialmente... Parcialmente porque se existe uma reciprocidade entre as partes, podemos dizer que o SCP reforçou-se mas teve custos financeiros que foram bastante proveitosos para o SCB. Quem conhece minimamente a situação financeira do SCB sabe que é imperioso o SCB arrecadar receitas extraordinárias para o equilíbrio orçamental. O SCB ainda não tem uma massa adepta suficientemente grande que lhe permita arrecadar receitas correntes suficientemente significativas para sustentar uma equipa que lute por objectivos “épicos. Refiro-me à luta pelo título ou mesmo a Liga dos Campeões. A venda deste jogadores significa, dito de outro modo, que a manutenção desta equipa está assegurada e a eventualidade de crescer desportivamente é bem plausível. Deixemo-nos de rodeios... é preciso dinheiro para ter bons jogadores. Embora muitos digam que não é assim, mas a verdade é que existe uma relação directa entre o investimento e a classificação desportiva, salvo raras excepções. O campeonato, prova de regularidade que é, é dominado pelas equipas que tem melhores jogadores, isto é, as equipas que ostentam os orçamentos mais elevados, na ordem dos 25/30 milhões de euros.
O futuro será risonho e proporcionará aos adeptos do SCB alegrias e momentos de glória.
José Araújo

PS- E claro que também fico contente pelo João Alves que concerteza viu a sua situação financeira melhorada substancialmente, pois não tenho dúvidas que o SCP tem maior capacidade financeira que o SCB. Afinal de contas o João Alves é um profissional. Dos bons, diga-se... Um profissional exemplar!

06 julho 2005

Bravo Presidente!

Um comunicado emitido pela direcção da SAD bracarense, no passado dia 12 veio por fim às especulações que, desde o início de Julho vinham a encher as páginas dos jornais desportivos. Ficámos agora a saber, neste comunicado, que a primeira intenção do Sporting foi adquirir Jorge Luiz. No entanto o dinheiro, em Alvalade, escasseava. Com a possibilidade de vender Enakarhire, o clube de Lisboa propõe-se então adquirir de uma assentada João Alves e Wender. Mais tarde acrescentaram Nunes a esta “lista de espera”. Entretanto, o Sporting fora informado que o Braga prescindia assim de uma proposta vinda de Inglaterra, por João Alves, no valor de 4,5 milhões de euros. A partir daí passaram-se semanas de negociações, até que o Sporting “roeu a corda”.Dependendo do que se passar nos próximos dias, penso que o Comunicado emitido pela SAD bracarense no passado dia 12, sobre as negociações havidas com o Sporting, pode considerar-se um momento histórico. E digo isto porque, para mim, ele expressou uma verdade pela qual há muito ansiávamos: o S. C. de Braga não precisa de se vergar perante os ditos grandes. O fim das negociações com o Sporting pode ter consequências negativas nas finanças bracarenses; os jogadores envolvidos sofreram uma desilusão considerável, mas quem triunfou foi a honra, a verdade e a independência do nosso clube! O Sporting, sem dinheiro, utilizou o argumento da necessidade de vender Enakarhire para poder pagar ao Braga. O certo é que vendeu o jogador e, de repente, deu o dito por não dito e afinal já não queriam o João Alves. Mais ainda, inacreditavelmente, numa atitude quase risível, mostrava interesse em adquirir Nunes por 80 mil contos em dinheiro antigo!!! A questão principal que aqui se põe é esta: O Braga alega que o Sporting “dera a palavra” quanto ao interesse nos três jogadores e por isso recusou uma proposta de 4,5 milhões vinda de Inglaterra. O Sporting alega que não havia nada escrito. Perante isto, eu pergunto: até quando é que, no parecer do Sporting, o Braga teria que ficar à espera que os senhores de Lisboa se decidissem e passasse a haver “algo escrito”? Se não há nada escrito, por que razão estava o Braga obrigado a negociar com o Sporting? Mais ainda, alguma vez o Sporting pensou nos jogadores? Veja-se o caso de Wender; o nosso Said fez 30 anos. Tinha oportunidade de, nesta época, jogar na Liga dos Campeões. As expectativas eram enormes. Para ele era a carreira, a vida, que estava em jogo. No entanto, o que o Sporting se limitou a fazer foi colocá-lo numa espécie de “lista de espera”, onde ele deveria permanecer até que se decidissem. Alguns pseudo-moralistas como Dias da Cunha têm afirmado que os empresários são oportunistas e que não respeitam a dimensão humana dos jogadores. No entanto, neste imbróglio que durou mais de um mês, que respeito mostrou o Sporting pelos jogadores em causa? Eles são homens ou são joguetes? Aqui em Braga, pelos vistos, ainda há uma coisa chamada ética e outra chamada honra! Para quem tem ética e honra, a palavra conta! Neste momento, ao Braga colocam-se dois problemas: Primeiro: como lidar com a “desilusão” dos jogadores? Se é certo que João Alves tem muito futuro à sua frente como profissional, já o mesmo não se pode dizer de Nunes e principalmente Wender, que terão necessidade de ultrapassar as marcas psicológicas que estes disparates certamente lhe deixaram. Agora, é o Braga quem vai ter de lidar com a situação e são os jogadores quem mais vão sofrer. Cabe-nos a nós, adeptos, apoiar estes homens e mostrar-lhes que eles são, para nós, os melhores. Segundo problema: estará em causa a estabilidade financeira? Todos sabemos que o Braga prima pelo cumprimento dos encargos salariais e esse é um dos nossos maiores trunfos. Conseguiremos suportar essa estabilidade sem vendermos jogadores? Sinceramente, acredito que sim. Com estes jogadores vamos ter um plantel excelente. Mas o risco é grande. Seja como for, estes episódios já nos deram motivos de grande satisfação: o Braga não precisa do dinheiro do Sporting a qualquer custo! Além de uma prova de autonomia, o presidente António Salvador, deu do Braga uma imagem de seriedade, ética e coragem que poucas vezes é vista em Portugal. Por isso e por ter defendido da melhor maneira os interesses do nosso enorme clube, aqui fica o meu sincero… Obrigado, Presidente!!!

Manuel Cardoso

24 junho 2005

Há vida para lá do futebol.

Nos dias que correm o futebol ocupa um espaço privilegiado na vida portuguesa. Acabaram os campeonatos e nem por isso as notícias de futebol deixaram de fazer primeiras páginas, nem os debates televisivos deram tréguas. O futebol invadiu decisivamente as nossas vidas e até os políticos se rendem cada vez mais à terminologia e às metáforas do futebol. Ao nível desportivo, esta predominância do futebol tende a abafar cada vez mais as outras modalidades. E Braga não foge à regra. Foi um ano excelente para o futebol profissional do Sporting de Braga. Conseguimos igualar a melhor classificação de sempre na superliga, com um 4º lugar, além de termos lutado taco a taco com os chamados “grandes”. Também a equipa B teve um desempenho muito bom.Mas o certo é que os êxitos não ficaram por aqui. Foi um ano de ouro para o desporto bracarense. Os nossos atletas brilharam em várias modalidades. Nos últimos anos as modalidades mais bem sucedidas no Sporting de Braga têm sido os desportos predominantemente individuais: natação e atletismo. Curiosamente, nesta ultima época destacaram-se os desportos colectivos. Destaque maior cabe, inequivocamente, à secção de Voleibol. As equipas femininas de juvenis e de juniores sagraram-se campeãs nacionais. Dois títulos nacionais na mesma época! Na mesma modalidade, no Campeonato de Desporto Escolar, as equipas de “iniciados” e “juvenis” do Centro de Formação Desportiva da Escola “EB 2,3” de Lamaçães sagraram-se igualmente campeãs nacionais. O ABC, embora tenha passado por grandes problemas financeiros e directivos, foi finalista de uma competição europeia equivalente à Taça UEFA do futebol: só foi derrotado na final da taça Challenge.A equipa sénior do Hóquei Clube de Braga ascendeu à Primeira Divisão Nacional de Hóquei em Patins, um feito inédito no desporto bracarense.Finalmente, a equipa de Futsal do Sporting de Braga ascendeu à primeira divisão do campeonato nacional.Estes feitos são, sem dúvida surpreendentes. Mas, quanto a mim, ainda mais surpreendente é a falta de divulgação que eles tiveram. Acredito que o que escrevi acima constitua novidade para muitos bracarenses, mesmo adeptos! Os jornais de Braga, sem dúvida, deram o devido realce a estes acontecimentos. Mas não me parece que haja uma consciencialização do verdadeiro alcance destas vitórias. Nós próprios, que acompanhamos o fenómeno desportivo bracarense, ficámos contentes, até orgulhosos, mas aquele entusiasmo, aquela vibração, parece decididamente reservada em exclusivo ao futebol. Isto porque não vivemos as modalidades da mesma forma.Estas modalidades merecem, sem dúvida, toda a atenção da nossa parte, os adeptos. Muitas vezes indignámo-nos com os poucos espectadores que se apresentam nos pavilhões, com a falta de atenção por parte da Comunicação Social, com a pouca atenção por parte dos dirigentes, com os orçamentos reduzidos, etc. No entanto, temos que, antes de mais, questionar a nossa postura. O futebol exerce um fascínio tão grande que monopoliza a nossa atenção. Quantos de nós reservamos um pouco do nosso fim-de-semana para ver um jogo de Voleibol ou de Hóquei? Muito poucos, certamente. Se queremos exercer condignamente o nosso papel na família, e se juntarmos a isso o futebol e outras actividades inadiáveis ao fim de semana, raramente resta tempo disponível para as modalidades. Como resolver isto? Como conseguir uma massa adepta que se dedique com fidelidade a estas modalidades? É complicado responder a esta questão e não vou ser eu a dar uma resposta definitiva. No entanto, este assunto merece reflexão: até que ponto vale a pena esta dedicação exclusiva ao futebol, que tantos de nós sentimos?
Manuel Cardoso

02 junho 2005

Acabou a vindima.

Acabou a vindima, está na hora de lavar os cestos. O Benfica foi campeão e o Vitória de Setúbal ganhou a Taça; um final a condizer com o enredo: o Vitória, com o orçamento mais baixo da superliga sublinhou o mote da época - a sublevação dos pequenos. Sempre em bicos de pés, depois de eliminar o Guimarães, o Braga e o Boavista, os da terra de Bocage bateram o pé a um campeão ainda na ressaca dos festejos. Foi bonito de ver, um clube de quem se dizia já não conseguir pagar os ordenados, encheu-se de brios e ganhou com todo o mérito. Quanto ao Benfica, merece os parabéns por ter conseguido o título, ao fim de onze anos de luta tenaz. Depois de ter passado uma época cheia de assobios e polémicas, é com todo o mérito que o Benfica chega ao fim em primeiro, superando o campeão europeu, o finalista da taça UEFA e o Sporting de Braga (!).Há cerca de seis meses atrás, o presidente encarnado, Luís F. Vieira, afirmava à Comunicação Social: “Disse uma vez no autocarro à equipa: vamos ser campeões no Porto, na última jornada. O país vai parar e vamos demorar uma semana a chegar a Lisboa”. Premonitórias palavras! Foram, de facto, campeões na última jornada, no Porto e Portugal parou. Parou de tal maneira que até o nosso primeiro (José Sócrates) aproveitou para nos apertar o gasganete mais um bocadinho. Roucos de tanto gritar, os benfiquistas (que, como se sabe, são mais do que os portugueses) nem tiveram forças para gemer com o aperto da corda no pescoço. De facto, L. F. Vieira só não acertou numa coisa: não demoraram uma semana a chegar a Lisboa porque havia ainda a final da Taça (que maçada, terão pensado alguns jogadores). Mas a derrota no Jamor nem custou muito a digerir porque a euforia ainda reinava. Logo após a conquista do título, o referido presidente encarnado tinha afirmado: “Fomos sérios dentro e fora do campo”. Confesso que esta frase me deixou confuso: afinal não era suposto serem-no sempre? E não é suposto que os adversários também o sejam? Mais confuso fico ainda quando me lembro de algumas afirmações de L. F. Vieira quando, antes do início da época, afirmava que o Benfica precisava de ter mais “peso” na Liga e no Conselho de Arbitragem. Afinal não foi preciso aumentar esse peso? Bem, o melhor é não pensar muito nisto porque não iria certamente concluir coisa nenhuma. Aliás, no futebol português raramente se conclui coisa alguma. O que conta mesmo são os somatórios finais e o Benfica foi quem amealhou mais pontos. Alguns dizem que foi o “frango” do Ricardo que decidiu o campeonato; outros dizem que foi a auto-expulsão do Liedson; outros ainda afirmam que quem decidiu tudo foi o Estoril; há ainda quem diga que Luís Guilherme e Cunha Leal também tiveram um papel importante. Será? Mas nestas coisas funciona sempre aquela frase do anúncio das pizzas: “tudo é importante”; passe o lugar-comum, um campeonato é uma prova de regularidade e para uma equipa chegar ao fim em primeiro tem que haver muitos factores a contribuir para tal. Um desses factores foi, sem dúvida Trapatoni. Foi, ao longo da época, um treinador contestado, assobiado, insultado mesmo. Pelos mesmos benfiquistas que agora festejam. O futebol tem destas coisas. Afinal, jogar feio e ganharparece que está na moda. O título do Benfica, na verdade, deve-se em parte a esta “velha raposa” (raramente este epíteto foi tão bem aplicado). Ele soube ver, com toda a calma do mundo, que a voz dos adeptos não é a voz da razão. Nós vemos as coisas à luz do coração e de vez em quando é bom que o admitamos.Mas também José Veiga e Luís Filipe Vieira tiveram o seu mérito,incutindo um espírito ganhador que há muito não se via no Benfica (para o empresário esta é também uma vitória pessoal sobre Pinto da Costa e Jorge Mendes). Acima de tudo, trouxeram uma onda de entusiasmo e euforia que se viveu na Luz durante toda a época. Uma euforia tão grande que tudo o que é negativo cai no saco do esquecimento. Ninguém repara, por exemplo, que o passivo consolidado do Benfica é de 375 milhões de euros e neste ano aumentou em 50 milhões. Afinal de contas, o futebol vive de vitórias; que interessam os números? Para a História fica apenas isto: o Benfica é campeão, o Vitória ganhou a Taça e para o ano há mais. Sem azias nem invejazinhas, parabéns aos vencedores.
Manuel Cardoso

14 maio 2005

Grandes são o Sameiro e o Bom Jesus.

Segundo o mais recente estudo da Deloitte, o futebol português continua num estado lastimoso em termos financeiros. Num tempo de vacas magras, os clubes continuam a fazer lembrar aqueles fidalgos (de outrora e de agora) que ostentavam rendas, bordados e berloques sem terem dinheiro para mandar tocar um cego. Diz o Major que estão de calças na mão. Não sei se estão, porque o que vemos continuadamente é dinheiro a ser esbanjado. Toda a gente se queixa mas parece que a crise só serve para justificar o incumprimento fiscal e as dívidas acumuladas. Como é possível que no meio de tantos queixumes os clubes tenham aumentado os gastos em quatro por cento? Afinal que crise é esta? Será crise ou incompetência?O senhor Major, sempre interveniente e cheio de boas intenções, queixa-se do Estado! O tal Estado que vai ficando nas bocas do mundo pelos perdões e protelamentos das dívidas é alvo da crítica do presidente da Liga de Clubes porque não arranja uma solução para o problema. É esta a triste realidade do nosso tristepaís: quando não há competência para resolver os problemas e quando eles não se resolvem sozinhos, o Estado que resolva! Sejamos claros: são os clubes e SAD’s que têm que resolver os seus problemas! Queixa-se das más receitas das bilheteiras. Masmuitas vezes são os clubes que provocam esses maus resultadosao privilegiarem as transmissões televisivas que “empurram” os jogos para horários incríveis, ou então impõem preços proibitivos esquecendo que é melhor vender muito do barato do que pouco do caro. Por outro lado, gasta-se demasiado. Mas o problema nãoé só esse; é que as SAD’s têm que ter uma dinâmica empresarial.Em Inglaterra também se gastam balúrdios mas os clubes dão lucro. A diferença está na qualidade da gestão: uma dinâmica que lhes permite obter receitas muito diversificadas e que compensam os investimentos feitos. Se os bingos e as bombas de gasolina já não resolvem os problemas, têm que ser encontradas outras formas de aumentar as receitas. Não podem ficar à espera que a televisão e as bilheteiras paguem tudo, inclusivamente os luxos. Como podem os clubes queixar-se da crise se continuam a pagar salários absurdos e nada fazem para encontrar outras receitas? Dirão alguns dos leitores que para haver sucesso financeiro tem que haver sucesso desportivo (comoaconteceu com o F. C. do Porto) e o sucesso financeiro requer riscos, uma vez que não há investimentos sem riscos. No entanto, o S. C. de Braga parece querer demonstrar que é possível obter sucesso sem correr grandes riscos financeiros. É preciso é competência no trabalho de prospecção e na gestão técnica, racionalidade nos investimentos e criatividade na procurade receitas. Não fosse o parco sucesso deste último parâmetro e teríamos em Braga o exemplo perfeito de uma excelente gestão.Seja como for, o nosso clube já conseguiu um feito histórico: duas presenças consecutivas nas competições europeias. Agora étempo de atacar a Liga dos Campeões. Após dois jogos em que o rendimento foi claramente inferior era de esperar uma certa quebra psicológica. No entanto foi surpreendente a calma exibida pelos nossos atletas no estádio do Bessa, onde fizeram um dos melhores jogos da época, mesmocom a ausência de vários titulares habituais. Uma exibição serena, coroada com dois golos do excelente ponta de lança JoãoTomás. Isto vem, mais uma vez, provar o excelente ambiente do balneário bracarense e o magnifico trabalho da equipa técnica.Nunca um lugar no pódium esteve tão perto de nós. Portanto, no próximo sábado vamos voltar a fazer tremer a pedreira. Temos que afirmar todo o nosso braguismo. E a oportunidade é única: o jogo de sábado será um excelente teste aos verdadeiros bracarenses porque decorre ao mesmo tempo que as partidas (televisionadas) dos “grandes”. Mas para os verdadeiros braguistas, “grandes, grandes são o Bom Jesus e a Senhora do Sameiro”. Para nós nem o SCB é grande; é enorme!
Manuel Cardoso

28 abril 2005

Gentilezas

O futebol português continua de parabéns. Estamos a viver os momentos finais de uma superliga que constitui, talvez, o campeonato mais competitivo de sempre. Mas para além dessa emoção a rodos, temos tido ultimamente demonstrações de um nível ético excepcional no futebol português. De facto, a boa vontade e altíssimos valores morais marcaram pontos na semanapassada, sobrepondo-se a interesses mesquinhos como são a vontade de somar pontos. Ficou demonstrado, por alguns agentes do mundo da bola que há coisas mais importantes do que somar pontos e ganhar jogos. Veja-se, por exemplo, a gentileza com que o Benfica tinha emprestado dois jogadores ao Estoril e a forma magnífica como este clube, de boa vontade, nãoos colocou a jogar de início: a bondade humana magnificamente recompensada! Mas as gentilezas não ficaram por aqui. O estádiodo Algarve foi amável e desinteressadamente emprestado ao Estoril para receber o Benfica com toda a pompa e circunstância: um estádio novinho em folha, todo colorido, quase a estrear, para receber os campeões com toda a deferência! Aí está um exemplo magnânimo de etiqueta e boas maneiras; é o que se chama a arte de bem receber! E até o Benfica ajudou a este festival de nobreza ao emprestar as sapatilhas ao árbitro. Este, para não ficar atrás, teve um gesto muito bonito: devolveu as sapatilhas mas primeiro teve o cuidado de as lavar! Gestos destes, cenas bonitas, quase enternecedoras, fazem falta ao futebol português e só dignificam quem as pratica. É claro que o Estoril até pode descer de divisão; é claro que se tivesse jogado em casa podia ter conquistado pelo menos um pontinho que, eventualmente, os poderia salvar da descida. Mas que valor podeter a permanência quando comparada com esta nobreza de sentimentos? Pode eventualmente descer de divisão. Pode sim senhor; mas a beleza dos gestos fica para a eternidade. Além do mais, com estas decisões, o Estoril pode estar a contribuir, de forma generosa e absolutamente desinteressada, para a alegria de milhões de benfiquistas desejosos de alcançar o título. Mas que pena, depois de todas estas cortesias, terem sido proferidas palavras tão azedas, ter sido desencadeadas tantas discussões! Quase uma semana depois do jogo, ainda se fala de polémicas, de zangas, de injustiças! Tudo por causa da boa vontade! Até os dirigentes do Sporting vieram participar no lavar de roupa suja, acusando os rivais da Luz de “promiscuidades”. Que injustiça! Pior ainda, houve quem logo erguesse a voz dizendo que o Sporting tem “telhados de vidro” por também terem sido “promíscuos” na antecipação de um jogo da Taça! É lamentável que haja sempre quem se lembre do que está morto e enterrado. E ainda por cima esse episódio só tinha acontecido porque o Sporting tinha também sido generoso com o Pampilhosa. Mais uma vez, são os bons sentimentos a serem despudoradamente censurados! É, de facto, lamentável e ingrato que tantos actos de nobreza de carácter, de solidariedade desinteressada, de bondade (por que não?), sejam vilmente criticados, que tantas puras intenções sejam manchadas e punidas com palavras tão azedas. No meio de toda esta confusão, de todo este enredo trágico-cómico, há uma personagem estranha: o Sporting de Braga. De facto, este clube parece ser o único dos que lutam pelos primeiros lugares que não tem sido generoso com ninguém.Não empresta nada, não tem palavras amáveis, parece que só seinteressa por jogar à bola. Parece até que é o único que se limitaa ganhar quando marca golos e a perder quando sofre mais do que o adversário. Nada mais! Ora, sabendo-se que a sorte protege os virtuosos não sei se não estará na hora de o Braga enveredar por uns gestos altruístas. Talvez seja a hora de também começar a praticar boas acções.
Manuel Cardoso

06 abril 2005

O que a equipa do SCB precisa fazer...

... para convencer alguns associados?
Contestação, assobiadelas, injúrias... feitas por alguns, repito, alguns associados, que não lembra ao diabo. Foi assim na segunda feira. Talvez tais atitudes, irreflectidas, tenham explicação em factores sociais e culturais, na irracionalidade, emoção, paixão, que envolve o jogo. Não pretendo encontrar explicações mas simplesmente alertar para tais atitudes, mais que lamentáveis, injustas e despropositadas.
Segunda Feira, 4 de Abril de 2005, dia de mais um jogo no EMB, desta feita o adversário é o Leiria. Antevia-se um jogo difícil porque nos dias que correm, o SCB é encarado por todos os adversários com demais receios e preocupações, traduzidos em esquemas tácticos super defensivos. Para os clubes que jogam com o SCB, a conquista de um “pontinho” representa algo extraordinário, fantástico. É assim com as equipas de menor dimensão, mas também com aquelas que se dizem grandes.
O SCB encara todos os jogos para ganhar, embora possa não parecer face à dinâmica e ritmo de jogo algumas vezes evidenciado. O jogo tem fases, e não é suposto que uma equipa consiga 90 minutos de caudal ofensivo contínuo ou constantes jogadas ofensivas a ritmos estonteantes. Como disse o jogo tem fases e o importante é: controlar o jogo, os espaços, o adversário, criar linhas de passe e penetração, criar desiquilibrios. Igualmente e fundamental, é que exista atitude, vontade de vencer. Esta mentalidade existe... está presente na mente do grupo de trabalho do SCB. Compreende-se que algumas vezes devido às circunstâncias do jogo e porque do outro lado existe também uma equipa - às vezes com mais que 11 elementos - o objectivo de vencer não seja possível de alcançar.
No jogo com o Leiria, a equipa do SCB, mais que a vitória, demonstrou vontade de vencer, mal grado haver emoção e incerteza no resultado até ao final. A equipa demonstrou – e tem demonstrado - inequivocamente espirito ganhador... O SCB continua em 2º lugar e com legítimas ambições ao título nacional. Utopia? Se o SCP, o FCP, tem legitimidade ao título, que eu saiba, estão a olhar para cima.
Curiosamente, algumas vozes levantam-se e dizem que o SCB não tem estofo para campeão, dizem mesmo que o SCB tem que se resignar à sua condição, triste e pequena.
Se disserem que o SCB não aguenta a “pressão” da luta pelo título, e outras coisas parecidas; se disserem que não pode auspiciar a algo mais que a luta por um lugar que dei-a acesso à Taça Uefa, qual Velhos do Restelo, qual maldizentes, permitam-me um conselho:
- Não acreditem!
Continuamos no 2º lugar, que não é algo novo ou algo inédito na presente temporada, é algo que (quase) nos vamos habituando. Jornada após jornada, a equipa do SCB tem ocupado os lugares cimeiros, tendo acampado à algum tempo no segundo lugar. Não fica por aqui os destaques. Tem a melhor defesa do campeonato, suplantando equipas que nos habituaram a reunir os destaques. O SCB foi inclusive à pouco tempo, considerada a equipa da semana pelo prestigiado site da Uefa, o mesmo que atribuiu o título de melhor treinador a José Mourinho.
Apesar do sucesso na presente temporada, apesar do SCB pautar este campeonato pela regularidade, tudo isto parece não satisfazer alguns sócios do SCB, talvez ávidos de algo que ainda não percebi. Assobios à equipa e aos jogadores, são totalmente descabidos e injustos para além de serem contraproducentes, ou será que esperam que os jogadores joguem melhor com um “incentivo” desses, nomeadamente o João Tomás? João Tomás não esteve num dia feliz, falhou incrivelmente alguns lances de golo, daqueles que só falha quem lá está e foi julgado severamente por isso. Fortemente condicionado psicologicamente pelo coro de assobios, Jesualdo Ferreira, talvez com o intuito de o proteger ou de se proteger, substituí-o . Definitivamente o timing não foi o adequado. João Tomás não merecia o “tratamento” dado pelos sócios, assim como foi despropositada e infeliz a sua reacção.
Só peço aos associados um pouco de bom senso e coerência, e já agora um pouco de reflexão, nada mais.
O SCB tem uma dinâmica vencedora, é uma equipa regular, os jogadores demonstram empenho, o futebol é agradável... o que é preciso mais para os convencer? Se tais condições não se verificassem compreenderia a atitude de alguns ao contestarem, mas a verdade é que nada a justifica, nem mesmo o enorme desejo, cada vez maior, de vencer, mantendo assim acesa a hipótese de alcançar o “Sonho”...
Mesmo que o “Sonho” não se concretize, não podemos esmorecer, o melhor será mesmo ser persistente e tentar novamente, porque o “Sonho”, longínquo, distante, impossível, na presente época esteve perto...à distância de um “se”.
O que importa e é importante, é apoiar a equipa. O importante é comparecer no EMB. O importante é estar, contribuir para tornar o SCB maior... o SCB precisa de todos os bracarenses. Ficar sentado, indiferente, assobiando para o lado, como se nada importasse, à espera que as coisas aconteçam, à espera que o clube, o SCB, lhes proporcione momentos de orgulho e satisfação, sem nada fazerem para tal, e depois vir reclamar a vitória será, na minha opinião, pura hipocrisia. Definitivamente, temos que começar a encher as bancadas do EMB, e seguir o exemplo dos muitos bons braguistas que nos dias de jogo, não deixam de dizer presente.
Para finalizar uma curiosidade. Entre os adeptos do SCB e o VSC, existe uma rivalidade acentuada, infelizmente bem demonstrada de parte a parte, nos últimos tempos. Aparte a rivalidade, os Vitorianos em certos aspectos, dão o exemplo a seguir. Na jornada anterior, disputou-se em Guimarães, o VSC- Rio Ave, jogo esse disputado na Sexta-feira, às 21,30h, com chuva. Caso o VSC ganhasse, cimentavam a hipótese da Europa. Na Segunda-feira, o SCB jogou com o Leiria, com condições climatéricas agradáveis, às 20,30h e em caso de vitória, continuava no segundo lugar. O jogo de Guimarães teve a assistência de 14 mil espectadores, o de Braga, teve a assistência de... 6 mil espectadores. Porque será?

José Araújo
Superbraga.com/ Diário do Minho