Vivem-se momentos atribulados para os lados do Estádio Municipal de Braga. Uma série de jogos sem vencer, aliado a exibições paupérrimas, contribuíram para por alguns adeptos e associados em polvorosa.
Foi-lhes dito que este plantel talvez fosse o melhor de todos os tempos.
Foi-lhes dito que este ano ambicionava-se mais que o “habitual” 4º lugar.
Foi-lhes dito que Jesualdo Ferreira não continuava porque não encaixava no perfil de treinador desejado.
... Com o decorrer dos tempos, os associados, primeiro com algumas reservas, agora com muitas certezas, começaram a constatar que o que lhes foi dito não corresponde à verdade.
Procuro explicações e elas vão, em última analise, responsabilizar o Presidente do SCB, António Salvador.
Não pretendo depreciar ou contestar o trabalho de António Salvador ao serviço do SCB, bem pelo contrário, ele tem sido na generalidade bem positivo, louvável, rigoroso, bom, e mais adjectivos houvesse. Contudo, na presente temporada, meteu os pés pelas mãos, no que respeita ao planeamento do plantel, e o resultado estamos a vê-lo agora.
O SCB não tem um plantel que lhe garanta a luta pelos lugares de acesso à Champions League, como inicialmente António Salvador quis fazer-nos acreditar, pois as limitações são evidentes. Apesar das limitações, o SCB continua a ter um plantel com jogadores acima da média onde, Luís Filipe e Madrid, sobressaem-se em relação a outros bons jogadores que compõem o resto do plantel. Apesar de tudo não cometo nenhum exagero se considerar que temos plantel para ir à “Europa”.
Foi na planificação do plantel que o SCB claudicou mas não só...também ao mudar de treinador e ao apostar na incerteza. Claudicou em toda a linha(adiante...). A equipa apesar de estar mais forte em algumas posições(extremo direito), quando comparamos com o plantel da época anterior, é manifestamente mais fraca e um pouco desequilibrada. Por exemplo, na posição de lateral esquerdo, na época passada, o titular era Jorge Luiz e Rossato a alternativa. Na presente temporada, Pedro Costa, que numa hipotética escala de opções, corresponderia no conjunto das duas épocas à 5ª opção, já foi titular. Este exemplo é bem elucidativo da queda abrupta de qualidade em determinadas posições.
A par da manifesta falta de qualidade dos jogadores que compõem o plantel em determinadas posições, há outros factores que importa salientar e dar ênfase: os aspectos psicológicos. É demais evidente a falta de confiança e querer, e o modo como tudo isto contribui para a quebra de rendimento da equipa, não só de agora, mas desde o início com Carlos Carvalhal.
A equipa a nível psicológico estava, e está, sempre esteve, inibida, presa de movimentos, descrente, apesar de alguma qualidade estar lá e esporadicamente dar um ar de sua graça e presentear-nos com exibições de gala. A irregularidade é a nota dominante e paradoxalmente, as melhores exibições ocorreram em jogos onde os índices de motivação estavam no máximo, nomeadamente nos jogos da Taça Uefa, FCP e SLB... Nos demais jogos, perdoem-me o exagero, faltou muita coisa.
Faltou motivação, querer, raça, atitude...
Faltou consistência defensiva, apesar de defender com muita gente.
Faltou capacidade ofensiva, apesar de ter boa percentagem de posse de bola.
Faltou capacidade para anular e impor o seu jogo ao adversário, apesar do SCB estar num patamar acima das demais equipas, quando se presumiria uma abordagem mais táctica do adversário, somos confrontados com adversários a jogarem desinibidos e sem temor ao “nome” do SCB, e o SCB, passivamente, a adaptar-se ao jogo do adversário!! se me fiz entender...
Faltou objectividade e acima de tudo, sentido de equipa.
Todas as premissas atrás citadas, desaguam, qual corrente de um rio, no Treinador. Outrora Carlos Carvalhal, hoje, Rogério Gonçalves.
Como é natural, as criticas aparecem quando os resultados e exibições não aparecem. A culpa é da defesa... a culpa é dos avançados... a culpa é do meio campo... a culpa é do treinador... a culpa é do cãozinho... a culpa é do sistema... Acho despropositado estar a criticar aspectos tácticos e reclamar novos sistemas tácticos. Acho que a questão se prende mais com aspectos psicológicos, como atrás demonstrei, que propriamente com a filosofia e sistema táctico. Aliás, se o mal fosse esse, seria autêntico suicídio estar a mudar de sistema táctico nesta altura do campeonato, seria sempre preferível manter um sistema que apesar de irregularidade exibicional garantisse uns pontinhos a optar por uma mudança radical e optar agora por um novo sistema, como por exemplo o 4-4-2 ou outra variação, a não ser que, esse eventual sistema táctico seja um sistema alternativo e já trabalhado pelo grupo de trabalho.
Rogério Gonçalves tem que incutir espírito ganhador e querer...Atitude, não um novo sistema táctico. A equipa não reage à adversidade, aprendeu a viver com ela e aparentemente acomodou-se. Há que dar um abanão... caso não seja capaz, nem tenha competência para o fazer, o melhor é mesmo disponibilizar o lugar.Apesar de, por príncipio, ser totalmente contra, a saída de um treinador, por considerar que esta decisão acarreta custos, nomeadamente, nos objectivos desportivos, neste caso em particular, os objectivos “mínimos”, ou seja, o habitual 4º lugar conseguido em anos anteriores, acho que quem conhece a realidade por “dentro” tem que tomar uma decisão em consciência e sempre consentânea com os interesses do SCB, presentes e futuros. Caso a situação se arraste e Rogério Gonçalves não consiga inverter a actual situação, a curto prazo, relutantemente, devo dizer que deve tomar a decisão mais digna e abandonar a liderança do grupo de trabalho. Mais... se a actual situação se mantiver, não estou somente à espera que Rogério Gonçalves ponha o lugar à disposição, mas estou à espera que António Salvador tome uma decisão nesse sentido e faça o mesmo que fez com Fernando Castro Santos. Digo isto, para mal dos meus pecados, porque, apesar de, como disse anteriormente, reconhecer custos desportivos e financeiros num eventual despedimento de Rogério Gonçalves, será um mal menor, quando comparado com outras situações e pormenores, adquiridos com muito custo ao longo destes anos e que hoje estão bem visíveis na comunidade braguista. Entre elas o aumento de simpatizantes; orgulho colectivo; capital de respeito e simpatia granjeados; prestígio; notoriedade; espirito mobilizador e ganhador...