12 maio 2019
Abel Ferreira, versão II(03-03-2019)
As recentes derrotas averbadas pelo SCB, além de inusitadas, tiveram a agravante de trazer muita desconfiança acerca de tudo. Questiona-se o treinador, os jogadores, o plantel, as opções... até o presidente. E em até poderá haver alguma exactidão nas criticas e questões levantadas.
Este momento que vivemos hoje até já se adivinhava, porque as exibições dos últimos tempos do SCB não são nada convincentes, pelo contrário foram de baixa qualidade: foi assim com o Boavista, com o Santa Clara, com o Chaves. Ganhamos mas o resultado nada tinha a ver com a exibição... aliás, a espaços, vimos o SCB a apresentar muitas vezes duas faces. Foi em diversos momentos de um jogo, ou mesmo em jogos diferentes, consistente, coeso, com personalidade, mas noutros depressa descarrilava e era empurrado, sem razão aparente, às cordas e então, lá voltava o credo à boca dos adeptos.
Qual a razão ou quais as razões disto acontecer?
Procuram-se explicações e indiscutivelmente uma das razões é Abel Ferreira.
Primeiro antes de explanar a minha opinião, devo dizer que considero o Abel Ferreira(AF) o melhor treinador que passou pelo SCB nos últimos anos. Quando começou a treinar o SCB, as ideias do futebol que preconiza(va) eram iguais às que preconizo. Reconhecendo que o futebol está longe de ser uma ciência exacta, a disposição táctica, assim como o modelo de jogo de AF, eram aquilo que queria ver no meu SCB. Muitos diziam inevitabilidades como Paulo Fonseca ser um grande treinador e ter ajudado a trazer um título para o nosso clube... no entanto, eu contrapunha que alas a jogar por dentro e dois pontas de lança não era para todos os jogos e/ou adversários,, assim como sair constantemente com bola nos centrais ajuda o adversário a anular a nossa construção. Decerto todos lembram-se do GR ser assobiado por falta de alternativas na reposição de bola.
Adiante.
Abel Ferreira quando começou a treinar o SCB trouxe um sistema táctico que já tinhamos visto no SCB com outros treinadores, mas onde inovou e foi fundamental, foi no modelo de jogo. Goiano mais posicional, por dentro e a projecção do lateral esquerdo Jefferson trouxe acutilância e desequilibrios ofensivos que resolveram muitos jogos. Do outro lado, Esgaio, o Robocop, dava a certeza que o SCB tinha a lateral direita sempre protegida mesmo que a equipa tivesse que rodar e Goiano jogasse por dentro. O SCB organizava o jogo, controlava o espaço, o tempo e o ritmo, e acelerava o jogo nas alas conseguindo com o lateral esq e Esgaio a profundidade desejada.
Muito deste futebol devia-se a ter uma dupla de médios que se complementavam e eram muito completos. Efectivamente, jogar com um meio campo a dois não é para todos porque exige aos jogadores qualidades e atributos tanto defensivos como ofensivos. Ora um médio completo não é para o bico de todos. na verdade o SCB no ano passado não tinha dois, mas três médios que reuniam essas exigências para jogar com um meio campo a dois. Vuk, Danilo e André Horta, eram diferentes mas com qualidade acima da média.
Eis para mim uma das razões para o SCB da presente temporada ainda não ter deslumbrado. Prova do que afirmo é reparar na quantidade de duplas do miolo que AF já testou. Já vimos o Claudemir com o Fransérgio, com o Novais, o Palhinha, Ryller, Eduardo...
Apesar dos jogadores acima indicados serem de muita qualidade, revelam lacunas e não são de todo completos. Se Novais é exímio nas bolas paradas e mt bom a transportar/distribuir jogo, não tem muita intensidade e revela grandes lacunas defensivas. No campo oposto, Palhinha é muito posicional e intransponível mas quando toca a organizar e construir revela sérias dificuldades.
AF tem que repensar este meio campo... não faz sentido querer impor uma ideia que, devo dizer subscrevo, se não tem jogadores para tal.
Qual a solução? Pesno que este SCB vai ter que jogar com meio campo a três. Vai ter que trabalhar muito, mas muito... não vai ser fácil porque há rotinas e dinâmicas que foram adquiridas desde a pré-época, contudo, pesando os prós e os contras, penso que não há muito a perder. Além disso, se AF para conseguir incutir aos seus pupilos a dinãmica necessária, iremos ter médios interiores em zona de finalização como, por exemplo, quando ele jogava e o João Alves fazia golos que se fartava.
Além da questão dos médios, outra questão que me faz confusão é os avançados...
Ontem jogou com 2 avançados mas será que eram avançados na acepção da palavra? Fransérgio lado a lado com Dyego Sousa. Pior a emenda que o soneto. Fransérgio se é bom a jogar entre linhas e nas costas do avançado...porque jogar com ele em cunha com os centrais? São opções mas onde Fransérgio rende é atrás.
AF, quem eu admiro, à vezes parece que quer inventar o futebol.
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