O SCB nos últimos anos tem vindo a consolidar um estatuto no futebol português. No passado recente oscilou o bom com o mau. No passado recente o SCB, lutou pela qualificação para a Taça UEFA numa época, e na época seguinte, lutava pela manutenção no 1º escalão do futebol nacional. Tal irregularidade no Campeonato Nacional deveu-se essencialmente a graves problemas financeiros que desde longa data assolam o SCB e que impediram as direcções de planearem e construírem um plantel que desse garantias de estabilidade e consequente consolidação de um estatuto.
Nos dias de hoje, é um pouco diferente. Não que haja algum mecenas a exemplo do Abramovich. Não porque as direcções anteriores não tivessem vontade de consolidar o SCB nos lugares cimeiros. Não porque a actual Direcção tenha o dom de Midas... É um pouco diferente porque há uma conjunção de factores que, a par da boa vontade financeira da SAD, resultaram numa gestão melhor que, gestões de direcções anteriores.
A crise económica que permitiu o acesso a melhores jogadores; a globalização que permitiu negócios com o “mundo”; um maior rigor na gestão do plantel, gestão financeira que juntamente com um rol de premissas... permitiram que o SCB conseguisse anos de sucesso desportivo sem o agravamento substancial da condição financeira.
A conquista em dois anos sucessivos de um lugar que dê acesso à Taça UEFA afigura-se fácil quando comparado com as exigências futuras. O mais difícil, ou seja, a consolidação do SCB como equipa de topo nos anos e décadas vindouras é o próximo desafio. É preciso continuar a subir de patamar para alcançarmos o cume. Este objectivo pode significar um salto enorme numa etapa de crescimento que se deseja sustentado. Deseja-se sustentado, forte, seguro, e para isso não podemos pensar que as condições e circunstâncias que norteiam e envolvem o SCB são suficientes para conseguirmos tal desiderato. É preciso mais... e tudo passa pelo aumento da capacidade de fazer mais dinheiro. No passado as direcções falharam porque não conseguiram realizar dinheiro e será assim no futuro se a SAD não dar ênfase a este necessidade. A primeira condição passa sempre pelas pessoas, ie, pelas direcções. O problema não é necessariamente o dinheiro mas sim as pessoas que, pelas mais diversas razões, não são capazes de gerir racionalmente os recursos ou são incapazes de gerar ou aumentar os recursos necessários ao normal funcionamento do clube.
É necessário pois analisar e identificar os problemas do clube mas, mais importante, delinear um rumo, ou seja objectivos estratégicos. Este sim o busílis da questão e na minha opinião o calcanhar de Aquiles do SCB. É importante que as decisões e actos de gestão, assentes no rigor e numa planificação e execução eficaz, seja acima de tudo coerente e vise alcançar o objectivo principal. Não importa actos isolados ou iniciativas isoladas, se estes não estiverem inseridos num contexto global, que tenham seguimento e mais importante, sejam coerentes com outros actos de gestão. Por exemplo: incentivos aos jovens das nossas escolas e simultaneamente preços de ingressos para jovens iguais aos adultos. É pois importante clarificar o que se pretende. Não importa incentivar ao crescimento dos associados quando as contrariedades são mais que muitas, desde o horário dos jogos até ao relacionamento com o associado. Não basta abrir novas lojas se elas não tem os produtos necessários.
Há áreas que importa reorganizar e, definitivamente, o SCB deve compreender que para crescer e aspirar lutar pelo título nacional, constantemente, a exemplo dos 3”grandes”, não o pode fazer nos moldes actuais. Gostaria de dar ênfase a este pensamento: O que o SCB pode fazer com 20 mil sócios( quantos são pagantes?)
Se nada for feito neste sentido, não descarto a possibilidade do futuro do SCB ficar comprometido, ou pelo menos, na melhor das hipóteses, recuar ao passado.
É importante então uma política de gestão assentes no rigor, e como disse anteriormente um projecto sustentado e coerente. Se o SCB quer ser um clube maior, deve definir o que é preciso para o ser. Neste sentido, o objectivo estratégico do SCB deve ser o aumento da dimensão humana do clube. Deve o SCB orientar as decisões e actos de gestão neste sentido, e simultaneamente incrementar e dinamizar outras áreas. Tem que rever:
- A) Política e pricing do EMB.
- B) Relação com associados.
- C) Gestão do plantel.
- D) Formação.
- E) Parcerias.
- F) Ecletismo.
- G) Infra-estruturas.
A) Política preços e pricing do EMB.
O SCB com o novo estádio municipal pode usufruir de mais meios de realizar receita e simultaneamente proporcionar melhores condições, nomeadamente de comodidade, a todos os espectadores, sejam eles associados ou não.
O EMB, tem condições estruturais que ainda não foram exploradas pelo SCB, e apesar da periferia, tem potencialidades e vantagens únicas.
É importante segmentar e diferenciar a comercialização dos ingressos no EMB. O SCB comercializa ingressos ao público em geral, associados, empresas e camarotes, além dos habituais convites a entidades e patrocinadores. O SCB poderia arrecadar mais receitas, se eventualmente diferenciasse os camarotes. Proporcionar camarotes, conforme a adesão, com um melhor serviço: Internet, climatização, escritório, catering diversificado, acesso diário... poderia significar um aumento das receitas. Há empresas que pelo mediatismo inerente ao EMB poderiam enveredar por este produto, onde além dos jogos de futebol, poderiam fazer reuniões de negócios, com um grande handicap a seu favor. Claro que este tipo de produto visa um pequeno estrato da população e empresas, mas acredito que haja mercado.
Quanto aos lugares empresa, tenho a noção que significam algum dinheiro extra. Existe por parte do SCB uma clara e flagrante falta de sensibilidade, para não dizer outra coisa, em relação a este assunto. Deveria o SCB definir uma área no EMB, destinado aos lugares empresas. É injusto para um associado do SCB que tenha como vizinho um adepto “adversário” que legitimamente está ali, numa bancada destinada a associados, pois é convidado de uma qualquer empresa. Eis aqui um exemplo da falta de coerência que acima mencionei. Apelam ao braguismo e adesão dos bracarenses e naqueles momentos onde a paixão e emoção vem ao de cima, onde queremos estar entre iguais, nas tristezas e nas alegrias, temos que aguentar com adeptos de clubes adversários que podem ser da melhor ou pior índole. Será que interessa mais o SCB o bem estar dos associados ou o dinheiro que as empresas pagam?
Deveria diminuir o preço dos lugares anuais individuais e fomentar a exemplo da presente época os packs família. A entrada a menores de 15 anos deveria ser isenta(bilhete isento), assim como a compra de lugar anual. Há constantes infracções e amiúde temos exemplos de adeptos não sócios que entram com cartões ou bilhetes de associados. É uma tremenda injustiça. Uns pagam outros não... O SCB sabe das infracções e nada faz.
Outra questão que poderia contribuir para arrecadar mais receitas é a colocação de publicidade estática no estádio. Significaria mais receitas e complementaria a publicidade visionada no écran do estádio. Por razões de estética o responsável e o dono da obra poderiam colocar entraves... nada como umas telas amovíveis para resolver a questão.
Vejo com bons olhos a identificação das bancadas do EMB, com nomes de patrocinadores. Haveria um encaixe considerável de dinheiro e não colidiria com questões de identidade ou qualquer questão doutra ordem. Será que a CMB colocaria entraves?
Sobre a organização de jogos, apesar de evidentes melhorias em relação: às entradas; disposição dos adeptos; segurança... muito ainda pode ser feito com o objectivo de proporcionar melhores condições aos associados.Nas entradas é vulgar ainda haver filas, sem sentido e desmesuradas, porque os adeptos são confrontados, não raras vezes, somente com duas zonas(portões) de acesso. A sinalética é insuficiente. Quem conhece os meandros do estádio desloca-se com facilidade...mas aqueles que não conhecem, não raras vezes, vagueiam, como perdidos, à volta do estádio procurando a entrada.Os bares, além de algumas melhorias, continuam a claudicar em alguns aspectos. diversidade/oferta de produtos, preço, aspecto.Em relação à segurança, concordo que a estrutura do estádio não perimirá muita margem de manobra. Colocar adeptos do SCB nas bancadas inferiores e adeptos do adversário nas bancadas superiores, é razão de preocupação. Ainda no recente SCB-SLB percebi alguma inquietação de associados do SCB porque adeptos adversários arremessaram pequenos objectos para os adeptos do SCB colocados na bancada inferior. Como se não bastasse, alguns adeptos foram vítimas de cuspidelas de adeptos sem o menor dos escrúpulos. Tudo isto acontece pela disposição dos adeptos. Será que só tomarão medidas objectivas quando houver derramamento de sangue?No exterior do recinto há evidente promiscuidade de adeptos. O SCB não pode alhear-se desta questão pois é da sua responsabilidade assegurar a segurança dentro do perímetro do estádio. Recentemente, no mesmo jogo SCB-SLB, adeptos do SCB ficaram feridos com gravidade. O que fez o SCB para alterar uma situação que já ocasionou derramamento de sangue? Separar as entradas dos adeptos(SCB-entrada principal/adv-parque de estacionamento) poderia sem dúvidas evitar a promiscuidade entre infames adeptos, ansiosos por descarregar a frustração do resultado menos bom da sua equipa.
B) Relação com associados.
O SCB deve quanto antes “conhecer” os seus associados. Apesar de não ter dados, facilmente constato que o factor preço é fundamental. Por exemplo, sabemos que existem mais associados da Superior(nascente) que da Central(Poente). Na minha opinião, além de haver um ambiente diferente à Central, o factor preço influencia bastante. Não importa somente estudar se os sócios da Central ou Nascente tem rendimentos elevados ou baixos, mais que isso, importa saber quanto estão os associados do SCB dispostos a gastar com o Clube.
Além do estudo do perfil do associado, o SCB não tem demonstrado grande sensibilidade para com os associados. A dispersão de serviços é gritante e desconcertante. Se um adepto quiser adquirir quotas tem que se deslocar ao Estádio e se eventualmente quiser comprar equipamentos ou adereços do SCB o mais natural é ter que se deslocar à Loja do Bingo. Se desejar comprar cadeira então tem que se deslocar a outro local. Resumindo, é preciso tirar uma tarde, faltar ao emprego, ter paciência, carro e muito amor ao clube se, eventualmente, desejar comprar uma quota, uma camisola e comprar um lugar anual... Ah, se estiver com sorte traz a camisola no mesmo dia!
Um outro assunto que deve melhorar é a qualidade do atendimento. Foram feitas obras na secretaria, Loja, e as condições melhoraram substancialmente. Contudo há que ter presente que o SCB precisa de adequar os meios, humanos e estruturais, ao número de associados, ie, se o SCB tiver 10 mil associados precisa de determinado número de funcionários e infra-estruturas, se tiver 20 mil, as exigências serão maiores. Há um conjunto de variáveis que são proporcionais ao número de associados.
Como disse anteriormente o SCB deve dar ênfase ao aumento dos associados. Acho um paradoxo total, as pseudo campanhas de angariação de associados, que não passam de iniciativas isoladas, os constantes apelos dos dirigentes e do treinador Jesualdo Ferreira com o intuito da comparência dos associados no estádio, e simultaneamente, a maior parte dos jogos são a horários impróprios, mais adequados às televisões que propriamente ao visionamento ao vivo. Sei que as receitas TV representam uma percentagem elevada nas receitas, contudo, jogos a horas tardias e/ou em dias de trabalho representam um enorme entrave. Se desejarmos crescer, a prioridade deve ser dada aos associados e não às Tv´s. Não pretendo que o SCB abdique desta importante receita mas que aumente a receita com os associados. Nem tanto ao mar nem tanto à terra, será que o SCB se recusar a transmissão de uma meia dúzia de jogos, terá uma diminuição das receitas catastrófica? Quanto custa a iluminação artificial do EMB?
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