Que balanço para a época que está prestes a terminar?
Acho que podemos separar a questão em várias formas.
As expectativas iniciais, as expectativas durante o campeonato e a classificação final.
O SCB começou o campeonato com enorme fulgor e até à 9ª jornada não tinha conhecido o sabor da derrota. As expectativas iniciais confirmaram-se, e apesar de António salvador ter vendido Wender e João Alves ao SCP, a equipa, com a contratação por empréstimo de Rossato continuava equilibrada e a demonstrar coesão, dinâmica vencedora e espírito de conquista. O primeiro lugar no campeonato português surgiu com naturalidade e foi o corolário de uma regularidade e eficácia irrepreensível.
A equipa do SCB, à imagem do seu técnico, revelava uma cultura táctica acima da média, uma personalidade vincada e apesar de não jogar um futebol deslumbrante, de ataque constante e desenfreado, demonstrou sempre ser uma equipa equilibrada, onde cada um sabia o que fazer em campo, dominando como poucas as fases do jogo, a velocidade e o ritmo e os espaços que, a par de uma atitude ambiciosa e exigente por parte de quem tinha o poder decisório, resultou numa combinação vencedora.
A qualidade do plantel do SCB reforçava e alimentava as expectativas dos associados que esperavam que o “Sonho” acontece nesta época. No plantel do SCB apesar de todos contribuírem para o sucesso nas primeiras jornadas, houve jogadores que, embora não fosse surpresa, assumiram papel preponderante. Paulo Santos estava irrepreensível. Na defesa, Jorge Luiz, Nem, Nunes e Abel não permitiam veleidade e destacaram-se, assim como Vandinho, Madrid e Hugo Leal. Na frente, apesar da qualidade dos executantes, não se pode dizer que estes atingiram o mesmo nível.
Cedo as lesões começaram a apoquentar o plantel do SCB. Traumáticas ou musculares, as lesões obrigaram a constantes mexidas no onze. Apesar de tanto infortúnio, havia a sensação que, devido ao valor do plantel no seu todo, se não jogasse o habitual titular, isso não traria problemas de maior, uma vez que o habitual suplente tinha valor suficiente para cumprir com o pretendido. Também cedo Jesualdo Ferreira começou a revelar tiques de teimosia, nomeadamente quando, invariavelmente, substituía Abel e/ou colocava sistematicamente Jaime na posição de médio direito.
As jornadas, impávidas, indiferentes, sucediam-se e o SCB continuava nos lugares cimeiros, para surpresa de muitos que arregalavam os olhos, como que surpreendidos por aquela equipa que até costumava ser simpática, estar ali a fazer umas coisinhas engraçadas. Aqueles que estavam surpreendidos, depressa retomavam a compostura e após reflexão chegavam à mesma conclusão: - é fogo de artifício! Pensavam!
Se no campeonato tudo corria de feição, o mesmo não se pode dizer em relação à Taça Uefa. Eliminados ingloriamente frente ao Estrela Vermelha, apesar de demonstrar, no conjunto das duas mãos, ser a equipa que merecia passar à fase de grupos, o SCB mais uma vez, a exemplo do ano anterior, ficou pelo caminho.
A primeira derrota ocorreu com o Marítimo na 10ª jornada e a partir daqui, o SCB quebrou a regularidade que tinha até então evidenciado. Se até à 9ª Jornada o SCB tinha feito 23 pontos em 27 possíveis, o SCB da 10ª até à 17ª fez 9 pontos em 24 possíveis. Neste período reside a explicação do "afundanço" do SCB na tabela classificativa, muito porque a regularidade exibicional caiu a pique mas, também, porque as arbitragens prejudicaram seriamente o SCB, interferindo no resultado final.
Iniciada a 2ª volta, o SCB conseguiu novamente regularidade, mas infelizmente não conseguiu igualar a performance do início do campeonato. Nas mesmas 9 jornadas conseguiu 16 pontos em 27 possíveis, ou seja uma diferença de 7 pontos.
Se nas jornadas iniciais o sonho do campeonato era legítimo, com o decorrer das jornadas, tal sonho esfumou-se, e apesar de o coração não o desejar, a razão manda redefinir outros objectivos mais realistas, porque numa decisão que ainda hoje não consigo descortinar, António Salvador decidiu vender 3 dos 4 defesas que eram o baluarte da nossa equipa.
No período de transferências de Janeiro, o SCB efectuou uma pequena “revolução” no seu plantel. Além de Nunes, Abel e Jorge Luiz que o SCB vendeu, o SCB dispensou Maxi Bevacqua e o até então indispensável Jaime, caso para perguntar, quando Jesualdo Ferreira se enganou... Para suprir as saídas, o SCB contratou Carlos Fernandes, Welington, Matheus, Frechaut, Kim e Marinelli. Infelizmente, pelas mais diversas razões, desde à falta de ritmo até a dificuldades de adaptação, o SCB teve que efectuar a adaptação em competição, o que originou e explica a perda de regularidade.
Para ajudar, o SCB foi eliminado da Taça de Portugal pelo D.Aves que disputa a II Liga.
As jornadas seguintes não foram profícuas para o SCB e mais uma vez, a regularidade exibicional a par de erros clamorosos das arbitragem relegaram o SCB para um definitivo e já habitual, 4º lugar.
O clube simpático, que no início era imbatível, agora, tropeçava ocasionalmente, e com o decorrer das jornadas começou a não incomodar o passeio tranquilo dos poderosos e intocáveis. Tudo corria na normalidade. Ou seja, cada macaco no seu galho. O SCB ainda não tinha alcançado o direito de se intrometer com os “gorilas”.
As lesões, a venda de jogadores e as arbitragens explicam o aparente insucesso nos objectivos e o defraudar das expectativas iniciais. Faces às circunstâncias e ao poder que a equipa aparentemente parecia demonstrar no início do campeonato, fico com a sensação que algo mais podia ser feito.
Contudo além da classificação, dos pontos, prefiro guardar na minha mente, para a eternidade, a possibilidade da conquista do título, que mais uma vez se implantou na nossa mente.
A alegria e orgulho que ostentei durante tanto tempo e continuo a ostentar.
Os momentos formidáveis, que a equipa me proporcionou e a uma velocidade estonteante correram mais depressa que o próprio “sonho”.
As tardes e noites maravilhosas onde o meu desejo, o meu sonho, voou alto e vagueou por onde nunca imaginei.
A sensação saborosa de ter alcançado algo que nunca imaginei sentir, qual paraíso, o deslumbramento de algo que nunca me tinha acontecido.
Fosse um sonho, a realidade, o que eu quero é viver o pensamento, a recordação, a emoção. Assimilar tudo ao meu redor, partilhar, dizer ao mundo que bom é ser do Braga!
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